Lula volta a Curitiba pela primeira vez desde que foi libertado
Ex-presidente passou 580 dias preso na Superintendência da PF. Nesta sexta, ele acompanha filiação de ex-governador Roberto Requião ao PT
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à sucessão do presidente Jair Bolsonaro (PL), voltará nesta sexta-feira (18/3) a Curitiba pela primeira vez desde novembro de 2019, quando deixou a carceragem da Polícia Federal na capital do Paraná após passar 580 dias preso.
Lula cumpria a sentença de condenação por corrupção e lavagem de dinheiro imposta pelo ex-juiz federal Sergio Moro, em processos da Operação Lava Jato que terminariam anulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeição do magistrado. Moro logo depois viraria ministro de Bolsonaro e hoje se apresenta como possível rival do petista e de seu ex-chefe no governo na corrida pelo Palácio do Planalto marcada para outubro.
O petista foi libertado antes da declaração de suspeição de Moro, quando o STF mudou seu entendimento e passou a rejeitar o cumprimento da pena já após condenação em segunda instância.
No Paraná, o ex-presidente vai participar de dois grandes atos políticos com foco nas eleições deste ano: em Curitiba, nesta sexta, vai abonar a filiação do ex-governador Roberto Requião ao PT, num evento que deve reunir milhares de militantes de todo o estado e de Santa Catarina. Requião será o candidato do partido ao governo do estado.
No sábado (19/3), Lula vai a Londrina, onde visitará um assentamento do Movimento dos Sem-Terra (MST), uma área que ele mesmo criou em 2009, quando estava no segundo mandato na Presidência da República. Lá, o ex-presidente reencontrará parte do grupo que participou da chamada Vigília Lula Livre, um acampamento que acompanhou, junto ao prédio da superintendência da PF, todos os dias de sua prisão, com pedidos incessantes de liberdade para o petista.
Requião será o rival do bolsonarismo
Ex-governador, Roberto Requião entra no PT para tentar polarizar a eleição com o atual governador, Ratinho Junior (PSD), que em toda a sua gestão esteve alinhado com o governo Bolsonaro.
Numa pesquisa do Instituto Opinião, divulgada no começo deste mês, antes de Requião anunciar sua ida para o PT, o ex-governador aparecia com 21,4% das intenções de voto no estado. Ratinho, porém, levaria a eleição no primeiro turno, segundo essa sondagem, com 53,3%.
Reencontro com MST e Vigília Lula Livre
Lula visita no sábado o assentamento Eli Vive, em Londrina (PR), onde participa, a partir das 10h, de um ato que o MST está chamando de “Jornada de Solidariedade: Rumo aos Comitês Populares”. O movimento pretende reunir cerca de 10 mil pessoas de todas as regiões do Paraná.
“Acolheremos Lula com todo o vigor humano que a reforma agrária construiu nestes últimos 40 anos, e com o mesmo vigor da resistência da Vigília Lula Livre, nos 580 dias de batalha em Curitiba”, diz Roberto Baggio, da direção nacional do MST. O movimento afirma que pelo menos 3 mil integrantes estiveram em Curitiba durante os 580 dias de prisão de Lula .
O ato de sábado marcará o lançamento nacional dos Comitês Populares do MST, que vão ajudar na campanha pela eleição de Lula. Segundo Baggio, a estimativa é criar 5 mil comitês em todo o Paraná.
A prisão
O ex-presidente Lula foi preso no dia 7 de abril de 2018 para cumprir uma pena de 8 anos e 10 meses por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP). Ele havia sido condenado em 2017 em primeira instância pelo então juiz Sergio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, e teve a condenação referendada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Depois de 19 meses preso na carceragem da PF, em Curitiba, o STF mudou o entendimento sobre o início do cumprimento da pena. Já não seria mais obrigatoriamente logo após a condenação em segunda instância (caso de Lula), e sim após trânsito em julgado (condenação definitiva). Assim, Lula foi solto no dia 8 de novembro de 2019.
Em 8 de março do ano passado, o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, anulou todas as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) nas ações contra o ex-presidente e determinou que os processos fossem reiniciados na Justiça Federal do Distrito Federal. Desde então, várias ações já tiveram seu recomeço rejeitado ou tramitação prescrita.