Lula vetará MP que afrouxa proteção à Mata Atlântica, diz Marina Silva
Marina Silva acumulou derrotas no Congresso e atritos com colegas do governo Lula, mas celebrou compromisso do presidente com veto à MP
atualizado
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Após uma semana conturbada, com derrotas e registro de atritos com colegas do próprio governo, Marina Silva divulgou um vídeo neste sábado (27/5) no qual aparece em frente a um retrato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na gravação, a ministra do Meio Ambiente garantiu veto presidencial à medida provisória, aprovada na Câmara dos Deputados, para afrouxar regras de proteção à Mata Atlântica.
“Tivemos ontem uma notícia muito ruim. Aquele dispositivo que dificulta a proteção à Mata Atlântica voltou. Mas hoje temos uma notícia boa, como na primeira vez que esse dispositivo veio à cena, o presidente Lula disse novamente que irá votar”, disse Marina Silva, em vídeo publicado no Twitter. A publicação acontece no Dia Nacional da Mata Atlântica, celebrado neste sábado.
A ministra do Meio Ambiente classificou como a proteção e restauração da Mata Atlântica como “fundamental” para a qualidade de vida pessoas dependentes dos recursos e serviços oferecidos pela preservação da biodiversidade, na regulação do clima e na provisão de serviços ecossistêmicos essenciais. Além disso, destacou sua importância para a sobrevivência das espécies que habitam o bioma.
A Mata Atlântica faz parte dos biomas de floresta tropical e abrange boa parte da costa leste da América do Sul, ocupando áreas do Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. Entre 2021 e 2022, foram derrubados 20.075 hectares dessa floresta, de acordo com pesquisa da Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entre 2017 e 2018, foram 11.399 hectares, de acordo com o mesmo levantamento.
“Nesse Dia da Mata Atlântica celebro os movimentos da sociedade que tem dado suporte à criação de medidas protetivas a esse importante bioma. E venho reforçar o compromisso que o presidente Lula tem assumido em vetar as emendas que atacam a lei da Mata Atlântica”, reforçou Marina Silva na publicação.
Derrotas e reação
Na última quarta-feira (24/5), a comissão do Congresso Nacional responsável por avaliar a medida provisória (MP) de reorganização da Esplanada dos Ministérios aprovou o relatório do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que retirou do Ministério do Meio Ambiente o controle do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Além disso, Marina perdeu a gestão sobre a Agência Nacional de Águas (ANA).
Nessa sexta-feira (26/5), o presidente Lula e seus ministros decidiram trabalhar para reverter, em plenário, as mudanças impostas na medida provisória que reorganizou a estrutura do governo. Isso aconte porque, além do enfraquecimento de Marina, a desidratação de ministérios causou causando muito mal-estar na militância petista e tem suscitado críticas por contrariar o discurso ambiental adotado durante a campanha eleitoral.
Nos corredores do Congresso, a possibilidade de Marina Silva sair do governo foi especulada. Apesar de compor a Rede, partido com somente um deputado federal e que perdeu seu único senador com a saída de Randolfe Rodrigues (AP), líder do governo no Congresso, o consenso é que a ministra, caso saísse, levaria consigo seu prestígio e daria à Esplanada sua primeira baixa desde o afastamento de Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).