Lula tenta blindar área social em articulação por reforma ministerial
Em evento no Piauí coordenado pelo Desenvolvimento Social, no entanto, Lula não garantiu a permanência de ministro na pasta
atualizado
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A resistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entregar o núcleo da área social do governo, hoje comandado pelo ministro Wellington Dias, a partidos do Centrão está travando a esperada reforma ministerial para acomodar PP e Republicanos na Esplanada.
Lula admite há semanas que precisa abrir espaço no governo para novos partidos como forma de fortalecer a base governista no Congresso Nacional. Às vésperas de um ano de eleições municipais, porém, o petista tem mostrado que não quer entregar ao grupo político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o principal pedido: o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
O presidente e seus articuladores já chegaram a decidir que o PT teria que cortar na carne para dar espaço a novos aliados em cargos importantes, mas não conseguem chegar a um acerto que agrade os dois lados. Lula anunciou nesta semana a intenção de criar um novo ministério, o das Pequenas e Médias Empresas, e já admitiu abrir mão de outras pastas que tentou proteger, como a do Esporte, mas os candidatos a entrar no governo pedem mais.
A área social é visada porque tem muito peso eleitoral. Nesta semana, por exemplo, Lula está viajando pelo Nordeste para anunciar obras e para lançar o programa Brasil sem Fome, que está sendo atualmente coordenado justamente por Wellington Dias. Com ações no país inteiro, o programa tem muito potencial para ser vitrine eleitoral.
Brasil sem Fome
PP também quer a Caixa
O ministério que o PP vai ganhar para seu atual líder na Câmara, o deputado federal André Fufuca, do Maranhão, ainda está em negociação, mas foi pré-acertado com a equipe de Lula que o partido também vai controlar a Caixa Econômica Federal, ocupando presidência e vice-presidências.
Já há até um nome para a indicação, seguindo um pedido de Lula, que quer manter uma mulher no cargo, hoje ocupado pela petista Rita Serrano: a ex-deputada federal Margarete Coelho (PP-PI).
O controle do banco público responsável, por exemplo, pelo pagamento dos programas sociais pode ser explorado politicamente. É possível abrir ou ampliar agências Brasil afora. Em um ano de eleições municipais, esse é um grande trunfo para um partido que saiba usar esse potencial.
Reforma adiada mais uma vez
Tanto os líderes do Centrão quanto os articuladores de Lula esperavam que a novela da reforma ministerial terminasse na quarta (30/8), antes de Lula viajar para o Nordeste. Não houve acordo, porém, e a nova aposta da equipe política do Palácio do Planalto é que a reforma sai “na semana que vem”.
Se isso acontecer, terá de ser nos primeiros dias da semana, pois na próxima quinta, feriado de 7 de Setembro, Lula embarca para a Índia logo após o desfile militar, para participar da cúpula do G20, e não volta ao Brasil até a semana seguinte.