Lula sobre rejeição de nome para DPU: “Possivelmente tenho culpa”
Igor Roque teve 35 votos favoráveis, 38 contrários e uma abstenção no Senado à sua indicação para a chefia da DPU
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu, nesta sexta-feira (27/10), que se sente culpado pela rejeição de Igor Roque para a chefia da Defensoria Pública da União (DPU). O nome de Roque foi barrado pelo plenário do Senado Federal na última quarta-feira (25/10), em decisão inédita.
A declaração de Lula ocorreu durante café da manhã com a imprensa, nesta manhã, no Palácio do Planalto. Lula afirmou que, devido ao período de recuperação após duas cirurgias, não teve tempo para dialogar com senadores sobre a indicação de Roque ao cargo.
“Possivelmente tenho culpa, porque não pude conversar com ninguém a respeito disso, sequer avaliar. Lamento profundamente, não sei com quantos senadores ele conversou, se conversou com líderes. Possivelmente tenho culpa de ter sido internado e não ter falado com nenhum senador a respeito [da DPU]”, afirmou o presidente.
Lula também comentou sobre o quórum da votação: Igor teve 35 votos favoráveis, 38 contrários e uma abstenção à sua indicação. Para que fosse aprovado, eram necessários ao menos 41 votos a favor. “Tinha 74 no quórum. Achamos que ia ser tranquilo, não foi. Paciência”, disse.
O presidente afirmou que vai indicar outro nome ao cargo e que terá “mais cuidado de conversar” com os senadores. “Não vejo nisso um problema”, pontuou.
Rejeição
Lula indicou Igor Roberto Albuquerque Roque ao cargo no início do ano. Ele substituiu imediatamente o então chefe do posto, Daniel Macedo, que havia sido escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Igor Roque chegou a ser sabatinado e teve indicação aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal em julho deste ano, sob relatoria do senador Humberto Costa (PT-PE).
O nome do indicado, no entanto, passou a ser criticado pela oposição após a DPU organizar, em agosto desse ano, um seminário sobre aborto legal. Após críticas de grupos conservadores, o evento foi cancelado.
O Metrópoles apurou que a rejeição de Igor Roque foi trabalhada nos bastidores do Senado Federal por um colega. Um ex-defensor público-geral teria conversado com senadores na intenção de difamar o escolhido por Lula, vendendo uma imagem de “maconheiro” e “abortista” de Roque.
Defensores acreditam também que a rejeição de Roque para o comando da DPU seria uma resposta do Senado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que analisa a descriminalização do aborto nas primeiras 12 semanas de gestão. Nos bastidores, a informação é que a defensoria não poderia ser comandada por um defensor pró-aborto.