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Lula sobre embate entre Venezuela e Guiana: “Que bom senso prevaleça”

A Venezuela vota neste domingo (3/12) sobre a anexação de dois terços da Guiana. Disputa envolve riquezas em petróleo e recursos naturais

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Imagem colorida mostra O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, faz um discurso na cerimônia de abertura da Cúpula Mundial de Ação Climática durante a COP28, em Dubai - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, faz um discurso na cerimônia de abertura da Cúpula Mundial de Ação Climática durante a COP28, em Dubai - Metrópoles - Foto: UNFCCC/Reprodução

Enviada especial a Dubai* – Após ter uma reunião bilateral adiada com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, que ocorreria às margens COP28, em Dubai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, neste domingo (3/12), sobre a disputa territorial entre Venezuela e o outro país latino.

Lula frisou que apesar do encontro com o chefe de Estado da Guiana, previsto para a última sexta-feira (1º/12), ter sido desmarcado, ele permanece em contato com líderes dos dois lados da disputa. Mas, segundo o petista, “se tem uma coisa que a América do Sul não está precisando agora, é de confusão”.

“Teve um referendo, acho que é hoje o referendo, obviamente que o referendo vai dar o que o Maduro quer, porque é um chamamento ao povo para aumentar aquilo que ele entende que seja o território dele. E ele não acata o acordo que o Brasil já acatou”, frisou o petista em conversa com a imprensa em Dubai, antes de viajar para a Alemanha.

Lula mencionou a sentença da Corte Internacional de Paris, que retirou o território da Venezuela. O governo Maduro, no entanto, sustenta-se, no Acordo de Genebra de 1966 (realizado com o Reino Unido), o qual reconhece a reivindicação venezuelana (entenda mais abaixo).

Venezuela vota, neste domingo (3/12), o referendo consultivo para deliberar sobre a anexação da Guiana Essequiba (também chamada de Essequibo). O território guianês é alvo de disputa desde o século de 19. Em jogo estão cerca de 11 bilhões de barris de petróleo e uma grande quantidade de outros recursos naturais, presentes em cerca de dois terços da área do país vizinho.

“Só tem uma coisa que o mundo não está precisando. Se tem uma coisa que a América do Sul não está precisando agora é de confusão. Se tem uma coisa que precisamos para crescer e melhorar a vida do nosso povo é a gente baixar o facho, trabalhar com muita disposição de melhorar a vida do povo e não ficar pensando em briga. Não ficar inventando história. Espero que o bom senso prevaleça do lado da Venezuela e do lado da Guiana”, frisou Lula.

Disputa territorial

A Venezuela pretende anexar a região de Essequibo, território da ex-colônia inglesa, ao seu domínio. A parcela reivindicada por Caracas representa metade do território da Guiana e é rica em petróleo.

O Tribunal de Haia, como é conhecida a CIJ, decidiu, por unanimidade, que o país não pode tomar qualquer ação para interferir no atual status do território em disputa. Restringe também atitudes de ambas as nações que possam resultar no agravamento do conflito.

No X (antigo Twitter), o líder venezuelano defendeu a incorporação do território. “Não deixaremos que ninguém nos tire o que nos pertence, nem trairemos os nossos princípios. Defenderemos Essequibo!”, escreveu.

A disputa tem origem no século 19. À época, a Guiana era colônia britânica. O território ficou delimitado ao leste do Rio Essequibo, mas expandiu para a porção oeste da área, já parte Capitania Geral da Venezuela (antigo nome).

Isso ocorreu devido à descoberta de uma série de reservas de ouro na fronteira, denominada Linha Schomburgk — em homenagem ao explorador e naturalista Robert Hermann Schomburgk, o qual estava no local a serviço da Coroa britânica.

Em 1899, a Corte Internacional de Paris emitiu uma sentença arbitral, que retirou a Essequibo da Venezuela. O país argumentou contra a decisão, por entendê-la como parcial e imprecisa. O governo venezuelano sustenta-se, hoje, no Acordo de Genebra de 1966 (realizado com o Reino Unido), o qual reconhece a reivindicação venezuelana.

Ministério da Defesa reforçou a presença militar na fronteira norte do Brasil. O aumento de efetivo veio após pedido do senador Hiran Gonçalves (PP-PR), que solicitou auxílio para a região de Pacaraima (RO), cidade fronteiriça à Venezuela.

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