Lula sobre déficit zero: “Se der, ótimo. Se não der, ótimo também”
Presidente Lula comentou meta estabelecida pela equipe econômica para zerar o déficit nas contas públicas em 2024
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (8/2), que seu governo vai seguir buscando a meta de déficit fiscal zero em 2024, conforme estabelecido pela equipe econômica, mas salientou que, se o resultado não for alcançado, está “ótimo”.
“Essa discussão de vez em quando aparece e eu não gosto que ela apareça porque você gasta quando você arrecada. Se aumentar arrecadação, a gente tem mais dinheiro para gastar. Se diminuir arrecadação, você vai diminuir o que tem para investir. Essa é a lógica. Vale para tua casa, tua família, vale para prefeitura, vale para o governo federal”, iniciou Lula em entrevista à Rádio Itatiaia.
Em seguida, ele completou: “Nós temos um orçamento que foi previsto, que foi dito que nós vamos fazer tanto de investimento. Se der para fazer superávit zero, ótimo. Se não der, ótimo também”.
Ele ainda citou “manchetes babacas” no Brasil e citou a dívida em relação ao PIB em países como Estados Unidos, Japão e Itália. “Sabe qual o melhor jeito da gente diminuir a dívida com relação ao PIB? É fazer a economia crescer. Quanto mais a economia crescer, mais vai diminuir a dívida”, completou.
O Ministério do Planejamento e Orçamento calculou serem necessários R$ 168 bilhões em receitas adicionais para cumprir a meta. Ainda será feito um balanço dos números para atualizar esse objetivo, que consta na Lei Orçamentária Anual deste ano.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem o desafio de conciliar o compromisso fiscal de reequilíbrio das contas públicas com o ano eleitoral, além da pressão por mais investimentos públicos.
Lula fala de desoneração
Questionado se o governo vai insistir na reoneração da folha de pagamento dos 17 setores da economia hoje desonerados, Lula disse que a questão ainda está sendo discutida e defendeu uma contrapartida por parte das empresas beneficiadas pela política.
“Eu até falei com o presidente do Senado, com o Rodrigo Pacheco: ‘Vocês não colocam nenhuma contrapartida para os empresários’”, pontuou ele.
“Você [empresário] vai dar estabilidade para os seus trabalhadores durante o funcionamento da política de desoneração? Ou nós vamos privilegiar você com a desoneração e você vai mandar um monte de trabalhador embora? Você vai dar algum aumento de salário com a desoneração? Não. É só o lucro que aumenta? É só a concentração de riqueza? Então, o que nós queremos discutir é que haja uma contrapartida quando você faz a desoneração”, prosseguiu.
O presidente disse que não sabe se será possível reunir Haddad e Pacheco ainda esta semana ou apenas após o Carnaval para discutir soluções. “Mas nós vamos ter que encontrar uma solução, porque a desoneração exige uma contrapartida para os trabalhadores”, ponderou.
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Isenção de IR até R$ 5 mil
Nesta quinta, Lula reiterou o compromisso de campanha de isentar de Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil. “Não é que é possível, é que nós vamos ter que fazer”, disse.
Na terça-feira (6/2), via medida provisória (MP), o governo ampliou a faixa de isenção para quem ganha até dois salários mínimos. Dessa forma, o trabalhador que recebe até R$ 2.824 mensais não terá de pagar o tributo.
Segundo o presidente, trata-se de “um ajuste de comportamento”. “Eu estou decidido de que o rico tem que ir para o Imposto de Renda e de que o pobre tem que ir para o Orçamento da União”, considerou.
“Nós vamos, a cada ano, fazer até a R$ 5 mil no final do meu mandato”, completou Lula, em referência a 2026. “Nós vamos preparar. O meu compromisso é que até o final do meu mandato todos os brasileiros e brasileiras que ganham até R$ 5 mil não paguem Imposto de Renda”.
Orçamento
Além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Lula disse que deverá conversar nos próximos dias com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre embates entre o Palácio do Planalto e o Congresso.
Na segunda-feira (5/2), na abertura do Ano Legislativo, Lira fez um discurso com cobranças ao ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), responsável pela articulação política, e ao governo federal.
O presidente da Câmara ainda salientou que o orçamento é de todos e não é — nem pode ser — de autoria apenas do Poder Executivo. “Não admitimos que sejamos criticados por isso. Quanto mais intervenções o Congresso fizer ao orçamento, mais o Brasil será ouvido”, argumentou.
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Parlamentares têm se queixado do veto presidencial a R$ 5,6 bilhões de emendas de comissão e acusado o governo de não respeitar acordos.
“Eu devo conversar com o presidente Lira por esses dias e ver o que está acontecendo. Nós estamos chegando no Carnaval, não é momento de discurso duro. É momento de alegria, de a gente relaxar um pouco, dançar, gastar um pouco de energia e voltar mais calmo depois do Carnaval. É isso que eu espero de mim, do Lira, do Pacheco e da classe política”, afirmou o petista.
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