Colapso em Maceió: Lula se reunirá com governador quando voltar da COP
Encontro de Lula com Paulo Dantas tratará da situação da capital do estado, que lida com iminência do colapso de minas da Braskem
atualizado
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O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB-AL), se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar do problema enfrentrado pela capital do estado, diante da iminência do colapso de minas da Braskem e formação de uma cratera de mais de 300 metros.
O chefe do Executivo do estado afirmou, por meio da rede social X (antigo Twitter), que recebeu uma mensagem do presidente sobre o encontro. De acordo com o emedebista, a reunião ocorrerá assim que Lula retornar da viagem a Oriente Médio e Alemanha, na próxima semana.
“Mais cedo já havia conversado com o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e marcado uma reunião no Palácio do Planalto para próxima terça, às 10h. Trabalharemos juntos para proteger e reparar as vítimas”, comentou na postagem o governador alagoano.
Mais cedo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), cobrou que governo federal disponibilize recursos para a Prefeitura de Maceió.
Em publicação nas redes sociais, Lira defendeu que a disponibilização de recursos seja feita por medida provisória (MP), que tem efeito imediato. “A grave crise ambiental, humana e estrutural em Maceió precisa de um amparo urgente do governo federal”, escreveu o deputado.
“Solicitei aos órgãos responsáveis a viabilização de recursos e a edição de medida provisória que garantam à prefeitura de Maceió condições de atendimento aos moradores atingidos e de empreender ações para combater o problema gerado pela exploração de sal-gema”, concluiu Lira.
Iminência de desastre
Nessa quinta-feira (30/11), a Defesa Civil retirou mais moradores de regiões de risco. Justiça Federal, baseada em relatórios técnicos, determinou a inclusão de novas áreas na zona de risco para colapso em minas da Braskem, o que resultou na evasão de moradores da região afetada.
A medida atende a pedido do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União e do Ministério Público do Estado de Alagoas pela inclusão de mais áreas no programa de realocação da Braskem. A Justiça estabeleceu que o monitoramento também fosse intensificado.
O aumento da zona desocupada se dá no momento em que há um alerta de colapso iminente de uma mina da petroquímica Braskem na região do antigo campo do CSA, na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange.
Problema antigo
O problema em torno do afundamento na região em que estão localizadas 35 minas de sal-gema da Braskem só veio à tona em março de 2018, quando um forte tremor atingiu a área. Reportagem especial do Metrópoles mostrou a tragédia provocada pela mineração no local.
O risco iminente de formação de crateras levou à saída emergencial de cerca de 55 mil pessoas da área. O problema, constatado por órgãos da esfera municipal, estadual e federal, se relaciona a minas de sal-gema da petroquímica Braskem exploradas no subsolo da área urbana da capital do estado.
O sal-gema é retirado de rochas a cerca de mil metros da superfície. Ele pode ser utilizado normalmente na cozinha, mas seu uso é importante em vários processos industriais, como, por exemplo, na produção de PVC e soda cáustica.
Como mostrou reportagem do Metrópoles, grandes quantidades de sal-gema foram encontradas no subsolo de Maceió na década de 1960, e, em 1976, a empresa Salgem — que passou ao comando da Braskem em 2002 — começou a cavar minas na região, com anuência das autoridades locais.
A mineração na região só foi paralisada em março de 2019, após ter sido confirmada a relação com o afundamento.