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Lula critica manutenção da Selic e autonomia do BC: “Pra servir quem?”

Segundo Lula, o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem a mesma autonomia que, em mandatos anteriores, Henrique Meirelles teve

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Lula e Kishida em cerimônia de assinatura de atos. Brasília Mercosul
1 de 1 Lula e Kishida em cerimônia de assinatura de atos. Brasília Mercosul - Foto: VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questionou, nesta quinta-feira (20/6), a autonomia no Banco Central do Brasil (BC). Nos últimos dias, o petista teceu criticas à postura do presidente do BC, Roberto Campos Neto. É a segunda vez que o chefe do Executivo sobe o tom contra Campos Neto nesta semana.

“Eu fui presidente [durante] oito anos. Presidente da República nunca se mete nas decisões do Copom [Comitê de Política Monetária] e do Banco Central”, disse. “[Henrique] Meirelles tinha autonomia comigo o tanto que tem esse rapaz de hoje [Campos Neto]”, afirmou Lula.

“Só que o Meirelles eu tinha o poder de tirar, como FHC [Fernando Henrique Cardoso] tirou tantos, e outros presidentes. Aí entenderam que era importante colocar no BC alguém que tivesse autonomia. Autonomia de quem? Pra servir quem? Atender quem?”, questionou o presidente.

A declaração do chefe do Executivo brasileiro ocorreu durante entrevista à Rádio Verdinha de Fortaleza (CE). O presidente começou uma série de viagens pelo Nordeste, a partir desta quinta-feira, para entregar e divulgar novas ações do governo federal na região.

Lula comenta decisão do Copom sobre taxa Selic

Além de questionar a autonomia do BC, Lula comentou, pela primeira vez, a decisão do Copom de manter a taxa de juros básica, a Selic, inalterada em 10,5% ao ano. Nos últimos dias, o presidente voltou a criticar o valor dos juros no país e pediu mais cortes.

Com a decisão, a Selic será mantida em 10,5% ao ano até a próxima reunião do órgão, marcada para os dias 30 e 31 de julho.

“Foi uma pena que o Copom manteve [a taxa de juros]. Quem perde com isso é o povo brasileiro. Quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro tem para investir aqui dentro”, afirmou o petista. Ele ainda ressaltou que a taxa de juros “tem que ser tratada como gasto”.

“Estava em reunião do orçamento [sendo] discutido, aí fico olhando do outro lado da folha… Só de juros foram R$ 709 bilhões que pagamos, de desoneração foram R$ 536 bilhões que deixamos de receber. E por que não transforma em gasto a taxa de juro que pagamos?”, questionou Lula.

“Vai perceber que o crédito [cedido às pessoas], os grandes, são feitos pela Caixa [Econômica Federal], pelo Banco do Brasil, pelo Banco do Nordeste e pelo BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]”.

Segundo o presidente, “os bancos privados preferem, em vez de fazer crédito, ganhar dinheiro com a alta taxa de juros”.

Lula seguiu com as críticas: “Não vejo o mercado falar do morador de rua, do catador de papel, das pessoas que necessitam do Estado, que é o povo trabalhador, a classe média, que é quem paga imposto neste país”.

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