Lula recebe Marina e Guajajara para indicar prestígio em semana difícil
Marina e Guajajara, ministras do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas respectivamente, viram Congresso avançar na desidratação das pastas
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe no Palácio do Planalto, na manhã desta sexta-feira (26/5), as ministras Marina Silva, do Meio Ambiente, e Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas. A reunião tem o objetivo de sinalizar para as duas que elas estão prestigiadas dentro do governo e que haverá um esforço para compensar as derrotas impostas a elas pelo Congresso numa semana que a própria Marina classificou como “difícil”.
A maior derrota foi a imposição pelo Parlamento de mudanças significativas na medida provisória (MP) que reestrutura os ministérios. Sob a relatoria do deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL), a comissão mista que analisa a MP tirou do Ministério dos Povos Indígenas a responsabilidade sobre reconhecimento e demarcação de terras indígenas a passou a atribuição para o Ministério da Justiça.
O texto também tirou do ministério chefiado por Marina o Cadastro Ambiental Rural (CAR), usado para mapeamento de grilagem de terras e controle de áreas desmatadas.
Para piorar, a Câmara dos Deputados aprovou a tramitação em urgência (sem passar por comissões) de um Projeto de Lei que institui um marco temporal em 1988 para a demarcação de terras indígenas. A proposta determina que apenas os territórios já ocupados por indígenas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, podem ter sua demarcação reivindicada.
A medida é amplamente criticada por defensores da causa indígena, mas conta com apoio da bancada do agro.
Na reunião, Lula quer mostrar às ministras opções para “reidratar” seus ministérios. No caso da pasta dos Povos Indígenas, a ideia é manter a tramitação dos processos de demarcação com a equipe de Guajajara e deixar para a Justiça apenas a canetada final.
“A gente não pode se assustar com a política”
Em evento para celebrar o Dia da Indústria na quinta (25/5), em São Paulo, Lula minimizou as derrotas impostas pelo Congresso e tentou tratar como normal a negociação com os parlamentares.
Lula disse que se espantou ao voltar da viagem ao Japão, onde participou da reunião do G7, e ler no noticiário que seu governo havia sofrido derrotas no Congresso. “A impressão que eu tive é que o mundo tinha acabado. Lula é derrotado, acaba o ministério disso, acaba o ministério daquilo. E eu fui ler e o que estava acontecendo era a coisa mais normal”, disse o presidente.
“Até então, a gente estava mandando a visão de governo que nós queríamos. A comissão no Congresso Nacional resolveu mexer, coisa que é quase que impossível de mexer na estrutura de governo, que é o governo que faz. E agora começou o jogo, nós vamos jogar, vamos conversar com o Congresso e vamos fazer a governança daquilo que a gente precisa fazer”, completou Lula.
“O que a gente não pode é se assustar com a política. Eu vou repetir: toda vez que a sociedade se assusta com a política e ela começa a culpar a classe política, o resultado é infinitamente pior. Nós já tivemos lições e é importante a gente lembrar, por pior que seja a política, é nela e com ela que tem as soluções dos bons e dos grandes e pequenos problemas deste país”, finalizou Lula.