Lula: “Que os facínoras tenham humildade de pedir desculpas a Marisa”
Ao fim do velório da ex-primeira dama, neste sábado (4/2), o petista fez discurso e disse que ela “morreu triste com a maldade que fizeram”
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, neste sábado (4/2), encerrou com um discurso emocionado o velório da sua esposa, Marisa Letícia, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP). Ao se referir à investigação contra eles na Operação Lava Jato, o petista, chorando, reclamou de que ambos foram vítimas de injustiça. “Marisa morreu triste com a maldade que fizeram. Quero que os facínoras que fizeram isso com ela tenham humildade de pedir desculpas”, esbravejou.
Ainda sobre a investigação, Lula afirmou que não tem medo de ser preso. “Se alguém tem medo de ser preso, este que está aqui, enterrando sua mulher hoje, não tem. Não tenho que provar que sou inocente. Eles que precisam dizer que as mentiras que estão contando são verdadeiras”, alegou.
“Marisa foi mãe, foi pai, foi tia, foi tudo; eu e ela nunca brigamos”, homenageou. Segundo Lula, nos tempos em que foi presidente da República (2003 a 2010), “Marisa nunca pediu um vestido, um anel”. “Desde 1975 minha conta bancária é da Marisa. Nunca admiti que ela mendigasse nada para o marido.” O petista também relembrou os nascimentos de seus filhos e se emocionou.
Antes da fala de Lula, lideranças religiosas se revezaram ao microfone. Em sua fala, o bispo emérito de Blumenau (SC) dom Angélico Sândalo Bernardino, criticou as reformas trabalhista e previdenciária do governo de Michel Temer (PMDB). Ele chamou de “ameaça” a reforma trabalhista e fez um “alerta”: “Atentem para que essas reformas sejam contra os pobres e os assalariados”.
Terminada a cerimônia, Lula e os familiares foram para o Cemitério das Colinas, também em São Bernardo do Campo, onde o corpo de Marisa será cremado. Durante todo o dia, a fila para o velório deu a volta no quarteirão do Sindicato.
Morte
De acordo com a família, Marisa Letícia havia manifestado o desejo de ser cremada. A ex-primeira-dama morreu aos 66 anos na noite desta sexta (3), no Hospital Sírio-Libanês, onde ficou internada por nove dias após ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Na quarta (1º), os médicos chegaram a tirar o sedativos de Marisa. No entanto, no fim da noite, ela teve uma piora significativa e apresentava um quadro gravíssimo. Na madrugada desta quinta (2), o cardiologista Roberto Kalil Filho afirmou que a situação era “irreversível”.
Diante do quadro — não havia mais fluxo de sangue para o cérebro de dona Marisa —, a família autorizou, ainda na quarta, a doação dos órgãos da paciente. Foi então que os aparelhos que a mantinham viva foram desligados.
O presidente Michel Temer (PMDB) decretou luto oficial de três dias.