Lula participa de evento inédito durante Presidência do Brasil no G20
Evento desta quarta-feira (13/12) unirá eixos que trabalham de formas separadas dentro do G20. Lula participará de agenda no Itamaraty
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa, nesta quarta-feira (13/12), da reunião conjunta das trilhas de sherpas e finanças do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, no Palácio Itamaraty. O encontro inédito entre os dois eixos do bloco é uma inovação proposta pela Presidência brasileira à frente do G20.
Os sherpas são emissários responsáveis por representar um país em reuniões e negociações, com um trabalho amplo de temas. Geralmente, eles atuam em um eixo separado dos representantes das finanças, mas, nesta quarta, os dois grupos se encontrarão.
“Uma trilha lida com a política de forma geral, e a outra lida com a avaliação da economia internacional e também com a questão dos meios financeiros para atingir determinados objetivos. Então, a ideia é de que, desde o início, já na primeira reunião dessas duas trilhas, nós tenhamos uma reunião de articulação entre esses dois caminhos”, explicou Maurício Lyrio, sherpa brasileiro.
Na liderança, o Brasil trabalha para integrar as duas trilhas. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reforçou no evento de terça-feira (12/12) a busca para “construir um consenso dentro do grupo, ouvindo todos os membros e buscando o mais alto nível de ambição para que o G20 produza resultados” e ressaltou a integração entre temas políticos e macroeconômicos.
“Não planejamos resolver os problemas do mundo. O nosso plano é apresentar um conjunto de bons pontos de partidas”, afirmou Vieira.
Além do presidente Lula, autoridades ligadas ao setor da economia, como Banco Central e Ministério da Fazenda, estarão presentes no Palácio Itamaraty nesta quarta.
Os temas prioritários do chefe do Executivo que pautam o G20 durante a Presidência brasileira deverão vir à tona nas discussões financeiras. São eles: o combate à fome e às desigualdades; preservação e inovação ambiental; e maior engajamento de debates com a sociedade civil.
Quinta-feira (14/12) e sexta-feira (15/12) serão dias dedicados exclusivamente às finanças. Nos encontros com ênfase na economia, serão debatidos financiamento sustentável, economia global, investimentos em infraestrutura, reforma da governança e tributação internacional.
Articulação da Fazenda
Às vésperas da reunião inédita no Itamaraty, o Ministério da Fazenda recebeu delegações internacionais em Brasília para a reunião do G20. Fernando Haddad, titular da pasta, se encontrou com o sherpa dos Estados Unidos, Michael Pyle.
A embaixadora Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais da Fazenda, esteve em discussões bilaterais com Singapura e Japão. Com o primeiro país, a embaixadora propôs trabalho colaborativo com ênfase na redução das desigualdades, sem abrir mão da demanda por sustentabilidade. Já a conversa com representantes do Japão teve foco na estabilidade financeira e crescimento econômico.
Rosito se reuniu ainda com o subsecretário de Assuntos internacionais do Tesouro Americano, Jay Shambaugh. Eles trataram de possibilidades para fortalecer os bancos de desenvolvimento, maior financiamento climático e como resolver as dívidas dos países mais pobres, questão já pautada por Lula.
No encontro virtual do G20 no fim de outubro, o presidente havia questionado como a Argentina e nações africanas poderiam abater suas pendências, se não, “a gente não vai ter solução. Ricos vão continuar ricos, pobres continuar pobres, e quem está com fome vai continuar com fome”.
G20
O G20 é um dos principais grupos de cooperação econômica internacional, composto pela União Europeia e outras 19 nações, tidas como desenvolvidas e do novo Sul Global, chamados antes de países em desenvolvimento.
São membros: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.
As nações do G20 geram quase 80% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e 70% da população global, concentrando cerca de 75% do comércio internacional.