Lula foca em outras agendas e não assume papel de cabo eleitoral
Presidente se divide entre compromissos internacionais e demandas internas, focando apenas em poucos candidatos
atualizado
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Em dezembro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu ser um “bom cabo eleitoral” nas eleições municipais de 2024. A afirmação foi reforçada em demais eventos e, após tanta expectativa, o chefe do Executivo entregou menos do que havia se comprometido.
Desde o começo oficial das campanhas, o petista esteve em apenas três cidades para apoiar candidatos a prefeituras:
- São Paulo (SP) para endossar Guilherme Boulos (PSol), que tem como vice Marta Suplicy (PT);
- São Bernardo do Campo (SP) pela candidatura de Luiz Fernando Teixeira (PT);
- Fortaleza (CE) para apoiar Evandro Leitão (PT).
O domínio da capital paulista é de interesse dos petistas, tanto por se tratar do maior colégio eleitoral do país quanto pelo prestígio de vencer no estado, que atualmente é governado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), e pela própria relação de Lula com São Paulo.
Apesar disso, o presidente tem cancelado alguns compromissos com Boulos. Lula era esperado em um ato em São Paulo com o psolista no último sábado (28/9), mas não compareceu.
O chefe do Executivo deveria participar de uma live com o candidato na quarta-feira (2/10), que também acabou cancelada. Segundo a equipe de Boulos, isso se deu “em função dos problemas técnicos do avião que transportava o presidente Lula do México para o Brasil”, na viagem de terça-feira (1º/10).
Lula é aguardado em um evento na Avenida Paulista no próximo sábado (5/9), às 9h, ao lado de Boulos e Marta Suplicy. A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) confirmou ao Metrópoles que o presidente estará na capital paulista na data.
Os motivos para a ausência de Lula variam entre agenda cheia, recheada no último mês com viagens para os Estados Unidos e México, demandas internas, como os crescentes incêndios no país, e a necessidade de acalmar os ciúmes entre candidatos, após reclamações da atenção que o presidente deu para Boulos.
Além do esforço empregado em São Paulo, o PT turbinou as doações para o psolista e deixou os postulantes petistas em segundo plano, conforme mostrou a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles.
Ministros entram em cena
Fora a capital paulista, coube aos ministros “adotarem” os candidatos dos outros municípios. O ministro da Educação, Camilo Santana, tirou férias para auxiliar nas campanhas do Ceará, onde ele foi governador.
O pleito em São Bernardo do Campo teve reforço de Luiz Marinho, ministro do Trabalho, e Fernando Haddad, da Fazenda.
Ao menos 11 titulares de pastas do governo Lula tiraram férias na reta final das eleições municipais.