Lula em nova crítica ao Banco Central: “A gente poderia nem ter juro”
Presidente Lula vem reclamando da desconfiança do mercado financeiro. Ele criticou o atual patamar da taxa de juros
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o mercado financeiro nesta quinta-feira (19/1), em fala a um grupo de mais de 100 reitores, no Palácio do Planalto. Na declaração, Lula disse que o mercado enxerga saúde, educação e infraestrutura como gastos.
Lula iniciou a fala dizendo que “talvez alguns companheiros ligados à economia não gostem” do que iria dizer.
“Você não pode falar em educação, que as pessoas falam: ‘É gasto’. Você não pode falar em saúde, que as pessoas falam: ‘É gasto’. Você não pode falar em urbanização de favela, que é gasto. Você não pode falar em construir casa, que é gasto. A única coisa que não é tida como gasto por essa gente de mercado é o pagamento de juros da dívida. Eles acham que isso é investimento”, afirmou o mandatário, sendo aplaudido pelos reitores de universidades e institutos federais.
Em seguida, ele voltou a criticar a autonomia do Banco Central (BC) e o atual patamar da taxa de juros.
“Qual é a explicação de a gente ter um juro de 13,5% hoje? Qual é a explicação? O Banco Central é independente, a gente poderia não ter nem juro. Não é verdade? A inflação está 6,5%, 7,5%, por que o juro está 13,5%? Qual é a lógica? Qual é a lógica da desconfiança que o mercado tem de tudo que a gente fala de investimento? E eu não vejo essa gente falar uma vez em dívida social. Nós temos uma dívida social de 500 anos com esse povo”, prosseguiu.
Em 2022, a inflação foi de 5,7%, superando o teto da meta inflacionário estipulado em 5,5%. Em 2021, quando os índices de preços superaram a casa dos 10%, a meta também não foi cumprida. Nas duas ocasiões, o presidente do Banco Central (BC) teve que justificar o descumprimento do plano.
Frente à disparada dos preços, o BC aumentou os juros básicos para 13,75% ao ano em agosto de 2022 e vem mantendo a taxa nesse patamar, que é o maior desde 2017.
Autonomia do BC
Na quarta-feira (18/1), em entrevista ao canal Globo News, o petista criticou abertamente a atuação do Banco Central e disse considerar uma desnecessária a lei que deu autonomia para a autoridade monetária.
Ele defendeu que o presidente do BC não tem mais autonomia atualmente do que tinha nos seus dois primeiros governos.
“Eu duvido que esse presidente do Banco Central seja mais independente do que foi o (Henrique) Meirelles”, disse Lula.
O atual presidente do BC é Roberto Campos Neto. Ele foi indicado por Jair Bolsonaro (PL) em 2019 e é o primeiro chefe do BC a ter mandato definido. Campos Neto tem permissão para ficar até o final de 2024 à frente do BC.
Na entrevista, o presidente petista fez críticas à atuação de Campos Neto, citando o nível atual de inflação e juros