Lula e presidente da Espanha discutem futuro do acordo Mercosul-UE
Lula e o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, também discutirão a questão humanitária na Faixa de Gaza
atualizado
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Em visita ao Brasil, o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quarta-feira (6/2), em Brasília. Eles discutirão o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, as relações bilaterais e os conflitos em curso na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
O presidente Lula tem tentado destravar as negociações em torno do acordo econômico, que já se arrasta há mais de 20 anos. Em 2019, o tratado chegou a ser assinado, mas não foi ratificado pelos dois blocos e, portanto, não entrou em vigor.
A expectativa era de que as negociações fossem concluídas durante a presidência do Brasil no Mercosul, entre julho e dezembro do ano passado. No entanto, as tratativas esbarraram na resistência do presidente da França, Emmanuel Macron, e na ameaça de Javier Milei, que havia acabado de ser eleito presidente da Argentina, de deixar o bloco sul-americano.
O presidente francês chegou a chamar o texto de “antiquado” e “contraditório”. “Sou contra o acordo Mercosul-UE, porque acho que é completamente contraditório com o que ele [Lula] está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo, porque é um acordo que foi negociado há 20 anos, e que tentamos remendar, mas está mal remendado”, disse Macron.
Ainda neste mês, Lula receberá a visita do presidente francês, prevista para acontecer entre os dias 26 e 28. O líder chegará ao Brasil por Belém, a sede da COP25. A agenda oficial de três dias deve incluir quatro cidades.
Caso aprovado, o acordo reduzirá barreiras comerciais, tarifárias e não tarifárias das nações, o que poderia impulsionar o comércio e o crescimento econômico.
Conflito em Gaza
De acordo o Itamaraty, Lula e Sánchez também vão discutir a situação humanitária na Faixa de Gaza, palco do conflito entre Israel e Hamas. Nas últimas semanas, o chefe do Executivo brasileiro subiu o tom contra os israelenses por causa das investidas na região.
Lula classificou as ações do governo de Benjamin Netanyahu como “genocídio” e “carnificina”, que afetam principalmente mulheres e crianças palestinas.
O presidente tem levado a questão a outros chefes de Estado. Na semana passada, às margens da VIII Cúpula da Comunidade da América Latina e Estados do Caribe (Celac), ele se reuniu com representantes da Colômbia, Chile e México para discutir a situação em Gaza.
Ao final, os líderes do bloco publicaram uma declaração conjunta em que lamentaram o “assassinato de civis israelenses e palestinos” e pediram um cessar-fogo humanitário imediato na região.
Outros temas
Durante a passagem de Sánchez, os presidentes também devem abordar o estado atual das relações bilaterais entre os dois países. Em maio do ano passado, os líderes se reuniram em Madri e assinaram acordos nas áreas de educação, trabalho e ciência, tecnologia e inovação.
Além disso, está em pauta a reforma dos organismos internacional, como a Organização das Nações Unidas. O tema é uma das prioriodades da presidência brasileira no G20, bloco que reúne as maiores economias do mundo.
Conforme a coluna Igor Gadelha, do Metrópoles, Sánchez parte para São Paulo, na quinta-feira (7/3), para uma agenda com o governador Tarcísio de Freitas, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).