Lula e Macron querem fim de sanções se Venezuela tiver “eleições justas”
Presidentes aliados mediaram reunião entre a vice-presidente da Venezuela e o líder da oposição, durante cúpula Celac-UE em Bruxelas
atualizado
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Após uma reunião com representantes do governo e da oposição na Venezuela, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Emmanuel Macron (França), além de outros líderes sul-americanos, publicaram uma declaração em que defendem a retirada de sanções à Venezuela, desde que o país tenha eleições “justas, tansparentes e inclusivas” em 2024.
O encontro mediado, na última segunda-feira (17/7), reuniu a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, e o líder da oposição no país, Gerardo Blyde. A agenda ocorreu às margens da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia, em Bruxelas, na Bélgica.
Nesta terça-feira (18/7), chefes de Estado publicaram uma declaração oficial comum, que prevê o “acompanhamento internacional” do pleito.
“Eles fizeram um apelo em prol de uma negociação política que leve à organização de eleições justas para todos, transparentes e inclusivas, que permitam a participação de todos, de acordo com a lei e os tratados internacionais em vigor, com acompanhamento internacional”, diz o texto.
“Esse processo deve ser acompanhado de uma suspensão das sanções, de todos os tipos, com vistas a sua suspensão completa”, prossegue.
Também participaram do encontro, os presidentes Alberto Fernández (Argentina) e Gustavo Petro (Colômbia) e o alto representante da União Europeia para Relações Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell.
“Os chefes de Estado e o alto representante concordaram que o relançamento das relações entre a UE e a CELAC representa uma oportunidade de trabalhar em conjunto em prol da resolução da situação venezuelana.”
Conforme o comunicado, os presidentes de Argentina, Brasil, Colômbia e França, assim como o alto representante europeu, “expressaram solidariedade aos países que acolhem cidadãos venezuelanos e “instaram ao governo e à oposição a retomar o diálogo e negociações com objetivo de chegarem a um acordo, entre os pontos da agenda, sobre as condições para as próximas eleições”.
Questão venezuelana
Desde que assumiu o governo, em janeiro, Lula tem defendido a retomada das relações diplomáticas com o país vizinho. Ele recebeu o presidente Nicolás Maduro em Brasília, no último mês de junho, quando causou incômodo com os pares latino-americanos ao dizer que a situação venezuelana trata-se de uma “narrativa” antidemocrática (clique aqui para ver).
Durante a reunião, nessa segunda em Bruxelas, a situação na Venezuela e as relações internacionais do país foram tema da agenda, que durou cerca de uma hora e meia.
Na ocasião, presidente Lula voltou a falar que o país é o responsável pela resolução de seus próprios problemas. “Só os venezuelanos podem resolver o problema do país”, ressaltou o petista.
As eleições presidenciais na Venezuela, no ano que vem, são motivo de preocupação internacional. Isso porque, três dos principais candidatos a opositor do atual chefe de Estado, Nicolás Maduro, foram impedidos de concorrer ao pleito. Maduro também proibiu que organismos internacionais acompanhem as eleições para atestar a lisura do processo.
Segundo o Itamaraty, a postura brasileira diante da situação venezuelana é a abertura constante ao diálogo e esforços conjuntos para garantir eleições limpas no próximo ano.