Lula diz que comandantes das Forças Armadas ainda não estão escolhidos
Lula anunciou José Múcio na Defesa e disse que vai avaliar indicações para as Forças Armadas: “Costumo trabalhar por relação de confiança”
atualizado
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Ao anunciar o nome do ex-presidente do TCU José Múcio Monteiro como seu futuro ministro da Defesa, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve como objetivo facilitar o diálogo com as Forças Armadas. Apesar disso, e contrariando o que seus aliados vinham dizendo nos bastidores, Lula disse, nesta sexta-feira (9/12), que os futuros comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ainda não estão definidos.
O presidente eleito não garantiu sequer se pretende indicar os oficiais mais antigos de cada Força para os cargos de comando. “O critério será [escolher] os melhores”, disse Lula, em entrevista na sede da transição de governo, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.
“Não poderia haver ninguém mais preparado pra cuidar da Defesa que o companheiro José Múcio. Tenho certeza que ele dará conta do recado e elas irão cumprir a missão principal, cuidar da segurança do país”, disse o presidente eleito. “Os comandantes ele vai conversar e levar para mim aprovar, se eu aceito ou não. Costumo trabalhar por relação de confiança. Se chamei pra ser ministro, é porque confio. Tenho certeza que José Múcio escolherá os melhores”, completou Lula.
Relação tensa
O presidente não reeleito Jair Bolsonaro (PL) é militar da reserva e sempre teve relação próxima com os fardados, tendo levado vários deles para o primeiro escalão do governo. A vitória de Lula nas eleições não era a situação favorita para a maioria dos militares e há a preocupação de criar novas pontes entre as partes.
Os militares têm sido pressionados por manifestantes acampados em frente a quartéis a dar um golpe para evitar a posse de Lula. O golpismo não faz sucesso entre os oficiais da ativa, mas o anúncio do ministro da Defesa tem o objetivo de desmobilizar quem insiste nas ideias antidemocráticas, seja dentro das Forças, nas redes sociais ou nas ruas.
“Eu fui presidente por oito anos, eu tive uma relação com as Forças Armadas que foi, do meu ponto de vista, extraordinária. Eles nunca me criaram nenhum problema”, disse Lula, após anunciar seu ministro.
Segundo Lula, ele foi, possivelmente, o presidente que mais “recuperou as condições econômicas e as necessidades estratégicas” das Forças Armadas.
“Eu tenho certeza que nunca o Exército, nunca a Marinha, nunca a Aeronáutica receberam tanta ajuda de um governo”, continuou ele, citando exemplos de investimentos em equipamentos feitos por ele.
“Vamos continuar fazendo mais, porque as Forças Armadas têm um papel importante, as Forças Armadas têm um papel constitucional, elas têm que cuidar da soberania nacional, elas têm que defender o povo brasileiro de possíveis e eventuais inimigos externos. E é para isso. As Forças Armadas não foram feitas para fazer política, elas não foram feitas para ter um candidato. Quem quiser ser candidato, se aposente e seja candidato, mas as pessoas da ativa das Forças Armadas têm uma missão nobre, que é cuidar da segurança de 200 milhões de brasileiros, das nossas fronteiras e da nossa soberania”, concluiu Lula.
