Lula critica reação de Israel contra palestinos e “morte de milhões”
Presidente Lula falou sobre a guerra no Oriente Médio, e voltou a defender a criação de dois Estados e o respeito às fronteiras
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta terça-feira (24/10), a dimensão da reação de Israel contra palestinos após os ataques terroristas do grupo Hamas. O chefe do Planalto também defendeu que tem conversado com outros líderes para garantir a abertura de um corredor humanitário e o fim da morte de crianças na guerra.
Lula voltou a apelar por um cessar fogo e criticar a guerra no Oriente Médio durante a transmissão semanal do governo, Conversa com o Presidente, nesta manhã. A tradicional live foi retomada nesta terça, após ser suspensa em função das cirurgias do petista no fim de setembro.
“Não é porque o Hamas cometeu ato terrorista contra Israel, que Israel tem que matar milhões de inocentes. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade”, afirmou o petista.
Na fala, Lula afirmou ainda que a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) está “enfraquecida”, após mais três projetos de resolução terem sido vetados no Conselho de Segurança, na última semana. Entre eles, um texto brasileiro acabou barrado pelos Estados Unidos (EUA).
“Se a ONU tivesse força, a ONU poderia ter uma interferência maior. Os Estados Unidos poderiam ter interferência maior. Mas as pessoas não querem, as pessoas querem guerra, querem estimular o ódio”, seguiu.
Veja imagens da guerra entre Israel e o Hamas:
Lula fala em respeito às fronteiras
Lula também voltou a defender a criação de dois Estados, proposta pela ONU, com a demarcação de um território israelense e outro palestino, e o respeito às fronteiras determinadas.
“Israel fique no território que é seu, demarcado pela ONU, e os palestinos tenham direito de ter a sua terra. Não precisa ninguém ficar invadindo a terra de ninguém. Todo dia a gente vê que colonos de Israel invadem a terra e a ONU não faz nada porque a ONU está enfraquecida”, frisou.
O chefe do Executivo federal tem conversado com diversos líderes europeus sobre a situação no Oriente Médio, e tentado, via diplomacia, retirar um grupo de brasileiros presos na Faixa de Gaza. Um avião presidencial aguarda o sinal verde do Egito para resgatar os cidadãos pela fronteira de Rafah, ainda fechada para o tráfego de pessoas.
“Assim que abrir a fronteira nós vamos buscar os nossos brasileiros e trazer pra cá, porque é aqui o lugar deles. Um país seguro, que não tem guerra e a gente pretende dar a eles a cidadania que eles não conseguiram conquistar morando em Faixa de Gaza com a truculência que está acontecendo lá com os bombardeios”, prometeu.
Diplomacia presidencial
Nessa segunda-feira (23/10), Lula conversou com o presidente da Rússia, Vladmir Putin sobre o tema. Antes, ele já tinha falado com líderes de Israel, a Autoridade Palestina, Irã, Egito, Turquia, França, Rússia e Emirados Árabes. O petista disse que ainda pretende conversar com líderes da China, África do Sul e Catar.
“Estou falando com todo mundo para que a gente consiga três coisas. Primeiro: garantir o corredor humanitário, para que as pessoas possam receber água, comida, remédio. Garantir que não falte energia elétrica nos hospitais, para que as pessoas possam ser tratadas. E garantir que não se mate mais crianças. Não tem exemplo na humanidade de guerra em que quem morre mais é criança, que não está na guerra”, disse.
Conselho de Segurança da ONU
Sob presidência do Brasil, o Conselho de Segurança da ONU se reúne mais uma vez, nesta terça-feira (24/10), para tratar sobre a situação humanitária no Oriente Médio. Após duas propostas de resolução terem sido vetadas – uma apresentada pela Rússia, e outra pelo Brasil –, os membros da instância analisam uma nova proposta, dos Estados Unidos.
Após dias de negociações, não há consenso entre os membros permanentes do conselho sobre a resposta que a ONU apresentará sobre a guerra entre Israel e Hamas. O chanceler do Brasil, Mauro Vieira, preside esta reunião na tentativa de costurar via diplomacia um apoio político para o conselho apresentar alguma resposta ao conflito.