Lula critica previsões da OCDE: “Vou provar que vocês erraram”
Presidente Lula disse estar otimista com o ano de 2024 e afirmou que a economia brasileira vai crescer no próximo ano
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu, nesta terça-feira (19/12), as perspectivas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para o crescimento da dívida pública bruta brasileira.
Em relatório econômico do Brasil 2023, divulgado na segunda-feira (18/12), a organização indicou que a dívida pode atingir 90% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2047, segundo estimativas.
Durante o último programa Conversa com o Presidente do ano, acompanhado da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, Lula se disse otimista sobre a economia brasileira e afirmou esperar que, para o ano de 2024, “as coisas melhorem”.
“Hoje eu vi uma manchete que me deixou irritado, eu fiquei muito irritado. Eu vi uma manchete da OCDE fazendo julgamento da economia brasileira. Eu quero até aproveitar essa gravação aqui para dizer para o pessoal da OCDE que, quando chegar no final do ano que vem, eu vou convidar vocês para tomar um café para provar que vocês erraram com relação à previsão do Brasil”, afirmou Lula.
“Como vocês (OCDE) dão palpite, se vocês não sabem?”, completou o petista. “O Brasil vai crescer. Os dados que eu tenho e as possibilidades de investimentos que nós temos é muito grande. O dinheiro está circulando, aos poucos, na mão das pessoas.”
A dívida bruta do setor público consolidado fechou o mês de outubro representando 74,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, o equivalente a R$ 7,9 trilhões, segundo dados divulgados em 6 de dezembro pelo Banco Central (BC).
Dívida pública avança para 74,7% do PIB em outubro, diz BC
O documento da OCDE defende ainda a necessidade de adoção de reformas fiscais para estabilizar a dívida pública e criar espaço fiscal.
“A trajetória da dívida é altamente sensível à implementação da agenda de reformas. Uma falha na implementação da reforma tributária implicaria menor crescimento”, prossegue o documento.
“Um pacote mais ambicioso de reformas estruturais impulsionaria o crescimento potencial e levaria a um declínio da relação dívida/PIB”, conclui o relatório.
Lula em banho-maria com a OCDE
Como mostrado pelo Metrópoles, o governo não descarta a adesão ao chamado “clube dos países ricos”, processo que avançou na gestão Jair Bolsonaro (PL). Por enquanto, o governo Lula tem deixado o assunto em banho-maria.
Em agosto, foi criado, via decreto, o Grupo de Trabalho Interministerial sobre a organização, que trata, entre outras coisas, do processo formal de acessão. Só foi realizada uma reunião do grupo, em outubro.
Na segunda-feira, a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, disse que o governo possui boa relação com a OCDE, no que classificou como “um engajamento bastante forte e profícuo”. Segundo ela, o processo de acessão ao grupo depende também de “alinhamentos políticos”.
“Desde o início do ano, o governo está realizando avaliações. O memorando de acessão é bastante amplo, são mais de mil páginas. Envolve mudanças ainda bastante grandes de legislação, embora a maior parte já tenha sido incorporado. E, para além disso, envolve cada vez mais decisões e alinhamentos políticos. Então, eu acho que no curso do tempo o grupo vai apoiar esse esforço de avaliação do governo, que vai para além das áreas técnicas”, disse a auxiliar do ministro Fernando Haddad.