Lula critica mudanças que UE quer impor ao Mercosul: “Premissa é de confiança”
Lula se reúne em Brasília com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, para tratar de acordo comercial com bloco
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta segunda-feira (12/6), um instrumento adicional que a União Europeia propôs, em março deste ano, para o acordo comercial negociado entre o Mercosul e o bloco europeu. Para o petista, as mudanças prejudicam o Brasil e seus vizinhos. ” A premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é de confiança mútua e não de desconfiança e sanções”, disse Lula.
Ele se reuniu, no início da tarde desta segunda, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Na pauta do encontro, estiveram as negociações para a finalização do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, a agenda ambiental e a Guerra da Ucrânia.
O acordo comercial está em negociação há duas décadas e depende de uma aprovação final dos países envolvidos, mas o presidente brasileiro tem reclamado de algumas cláusulas acrescentadas pela União Europeia.
No início de sua gestão, Lula declarou que pretendia finalizar as negociações do tratado ainda no primeiro semestre deste ano. No entanto, o presidente se tornou mais cauteloso nos últimos meses e tem dito que “a proposta ainda é impossível de aceitar”.
“Em paralelo, a União Europeia aprovou leis próprias com efeitos extraterritoriais, que modificam o equilíbrio do acordo. Essas iniciativas representam restrições potenciais às exportações agrícolas e industriais do Brasil”, reclamou Lula nesta segunda.
Veja a fala do presidente brasileiro:
Lula critica aumento de exigências no acordo Mercosul-União Europeia em encontro com Ursula von der Leyen.
“A União Europeia aprovou leis próprias com efeitos extraterritoriais e que modificam o equilíbrio do acordo”, afirmou Lula ao lado da presidente da Comissão Europeia. pic.twitter.com/vQngamcUi7
— Metrópoles (@Metropoles) June 12, 2023
A representante europeia não respondeu diretamente às críticas de Lula, mas disse que o que os dois conversaram será levado em conta nas negociações. “Temos a ambição de terminar o quanto antes, o mais tardar até o final do ano”, disse ela, sobre a ratificação do acordo.
Condicionais “muito rígidas”
No fim de maio, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que a UE apresentou documento adicional ao acordo com novas condicionais “muito rígidas” voltadas para proteção do meio ambiente. Segundo Vieira, a medida contribuiu para deixar o documento “mais desequilibrado do que já é”.
“Esses condicionamentos ambientais criam condições extremamente difíceis porque fazem com que metas voluntárias do Acordo de Paris se tornem obrigatórias. Em consequência disso, podem abrir possibilidades de retaliação”, argumentou o chanceler brasileiro.
“Elas são restrições às nossas exportações, fazendo com que compromissos voluntários sejam usados contra nossos interesses”, pontuou.
O ministro explicou que o governo brasileiro e as demais nações do Mercosul estão avaliando as novas demandas europeias. “Agora, no mês de julho, haverá uma reunião da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) com a UE, e o Mercosul deve ter uma decisão definida e comum sobre essa proposta”, assinalou Vieira.
Tour pela América
Além do Brasil, Ursula von der Leyen vai visitar Argentina, Chile e México nessa viagem ao continente.