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Lula cobra Campos Neto pela terceira vez sobre a taxa básica de juros

“Não é possível que esse país volte a crescer com a taxa de juros de 13,75%”, disse Lula, que cobrou “responsabilidade” do presidente do BC

atualizado

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Ricardo Stuckert
Reunião do presidente Lula com os 27 chefes do executivo nacional no Palácio do Planalto para tratar de demandas dos estados. Na imagem, Lula fala em ponta de mesa ladeado por Alckmin e Alexandre Padilha - Metrópoles
1 de 1 Reunião do presidente Lula com os 27 chefes do executivo nacional no Palácio do Planalto para tratar de demandas dos estados. Na imagem, Lula fala em ponta de mesa ladeado por Alckmin e Alexandre Padilha - Metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a manutenção da taxa básica de juros da economia em 13,75%. Ele também cobrou “responsabilidade” do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“Não é possível que esse país volte a crescer com a taxa de juros de 13,75%”, disse Lula, no fim da manhã desta terça-feira (7/2), em café com comunicadores da mídia independente.

Lula também comparou Campos Neto a Henrique Meirelles, que presidiu o BC na época em que ele era presidente.

“Eu acho que esse cidadão [Campos Neto], que foi indicado pelo Senado, deve ter a possibilidade de maturar, de pensar e de saber como é que vai cuidar desse país. Ele tem muita responsabilidade, mais do que o [Henrique] Meirelles tinha no meu tempo”, apontou o presidente.

Segundo Lula, era mais “fácil”, na época de Meirelles, colocar a culpa de juros no presidente. “Agora, não. Agora, a culpa é do Banco Central, porque o presidente não pode trocar”, completou o presidente, que tem feito críticas à independência do BC, aprovada sob o governo Jair Bolsonaro, que indicou Campos Neto ao cargo.

Esta é a terceira crítica pública de Lula a Campos Neto e ao Banco Central desde a semana passada. O Comitê de Política Monetária do órgão manteve, em sua última reunião, a taxa de juros básicos da economia no patamar de 13,75% e indicou que o número, considerado alto pelo governo federal, não deve começar a cair tão cedo.

Mercado financeiro

As críticas de Lula têm perturbado o mercado financeiro e impactado negativamente as negociações na Bolsa de Valores e a cotação do dólar, o que tem levado mesmo integrantes do governo, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a tentar baixar o tom.

“Juros a 13,75% não dá. Este país precisa gerar emprego formal. Empregados de aplicativos são tratados quase como trabalhadores escravos”, disse ainda o presidente, segundo relatos de veículos que participaram do encontro, como o site Brasil 247 e o Canal Meio.

Lula afirmou que, nas suas duas primeiras gestões, ele tinha o vice José Alencar para fazer críticas à política de juros. “Agora, sou eu mesmo que faço. Não deveria ser normal um presidente da República ficar discutindo com o presidente do Banco Central, verbalmente, porque pessoalmente eu só tive um contato com ele”, discursou.

“As pessoas que acreditavam que a independência do Banco Central ia mudar alguma coisa no Brasil, que ia ser melhor, têm que ficar olhando se valeu a pena ou não”, disse ainda o presidente, que mandou um recado a seus ministros da área econômica: “Eu espero que Simone [Tebet] e Fernando Haddad estejam acompanhando tudo isso”.

Haddad age como bombeiro

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou diminuir a temperatura das relações entre o governo federal e o Banco Central, ao elogiar a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (7/2).

Segundo Haddad, que conversou com os jornalistas ao chegar ao Ministério da Fazenda, “a ata veio melhor do que o comunicado”.

“Uma ata mais extensa, mais analítica, colocando pontos importantes sobre o trabalho do ministério da Fazenda. É uma ata mais amigável em relação aos próximos passos que serão tomados”, afirmou o ministro. “Considero que a ata deu um passo melhor do que o comunicado. Nós vamos passo a passo”, disse.

Campos Neto defende a autonomia do BC

Já o presidente do Banco Central não respondeu diretamente às críticas que tem recebido de Lula, mas usou sua fala em um evento do qual participa nos Estados Unidos nesta terça para dizer que a autonomia do BC é boa para o país.

“A principal razão da autonomia da autonomia do BC é desconectar a política monetária do ciclo político. Porque eles têm clientes e interesses distintos. Quanto mais independente você é, mais eficaz você é, e menos o país pagará em termos de custo de ineficiência da política monetária”, disse Campos Neto.

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