Lula celebra nova fase na Palmares: “Viva o povo negro do Brasil”
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou o novo presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues
atualizado
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Responsável por preservar e promover valores culturais da população negra do país, a Fundação Palmares se tornou uma trincheira ideológica do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sob a gestão de Sergio Camargo. Presidente do órgão até o ano passado, Camargo viveu em guerra com o movimento negro, disse que a escravidão foi “benéfica para os descendentes”, que não existe “racismo real” no Brasil, e até tentou mudar o nome da fundação, que remete a Zumbi dos Palmares, para princesa Isabel.
Sob o comando do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Fundação Palmares busca um retorno a suas origens e tenta desfazer o legado de Camargo. Nesta quinta-feira (27/4), que marca a cerimônia de posse do novo presidente da entidade, João Jorge Rodrigues, o presidente Lula fez publicação nas redes sociais dizendo que “a Fundação Palmares voltou a trabalhar pela proteção e promoção da cultura afro-brasileira após anos de desmonte. Viva o povo negro do Brasil!”.
Ausente da cerimônia por estar concentrando a agenda no Palácio da Alvorada nesta quinta, após viagem de uma semana para a Europa, Lula desejou boa sorte a Rodrigues e sua equipe.
João Jorge, militante do movimento negro e um dos fundadores do Olodum, é mestre em direito pela Universidade de Brasília (UnB) e produtor cultural. No serviço público, foi membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) de 2009 até 2016 e diretor da Fundação Gregório de Matos, órgão cultural da Prefeitura de Salvador, entre 1986 e 1998. É autor do livro Fala Negão: Um discurso sobre Igualdade (2021) e filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), o mesmo do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Em sua posse, ele prometeu “fazer a Palmares de novo”, após um período que disse ter sido de desconstrução. “A Palmares é do povo brasileiro”, disse ele em seu discurso. “Por isso, essa instituição tem sido tão perseguida, a ponto de quererem trocar o nome da Fundação. Porque pensam que Zumbi e os quilombos não podem representar os negros. Porque se pensa que, para a população negra avançar, precisa de uma libertadora ou um libertador”, completou o presidente da fundação, que foi nomeado em março último.
Presente na cerimônia, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, disse em seu discurso que João Jorge Rodrigues “é um dos heróis contemporâneos” da histórica luta do povo negro. Ela também fez críticas à gestão que o antecedeu, sem citar nominalmente Sergio Camargo.
“Empossar João Jorge é uma resposta ao que aconteceu na gestão anterior, ao desrespeito ao legado do povo afrobrasileiro, à falta de consciência pelo que passaram os nossos antepassados”, argumentou a ministra.
“É repugnante lembrar que uma pessoa negra teve a pachorra de falar que a escravidão foi boa para o nosso povo. A ignorância, a falta de respeito, a falta de humanidade, a falta de consciência, a perversidade que a escravidão revelou torna-se mais dolorida quando a pessoa negra tem o sadismo de dizer essa palavras. Ser carrasco dos desvalidos é a pior covardia que se pode praticar”, criticou.
Veja a íntegra da cerimônia de posse de João Jorge Rodrigues como presidente da Fundação Cultural Palmares: