Lula: carta adicional da União Europeia para acordo com Mercosul é “inaceitável”
Presidente está na Europa e deve discutir o andamento do tratado de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender, nesta quinta-feira (22/6), que a carta enviada pela União Europeia (UE) ao Mercosul para garantir a ratificação do acordo de livre-comércio entre os dois blocos “é inaceitável”. Em viagem à Europa esta semana, o mandatário brasileiro tenta costurar um apoio para o andamento do tratado, emperrado há duas décadas.
O documento, enviado em maio, prevê sanções adicionais ligadas à agenda ambiental. Lula pretende conversar nesta quinta-feira com o presidente da França, Emmanuel Macron, líder de um dos países com condicionais mais rígidas para apoio ao acordo.
“A carta adicional que a UE mandou ao Brasil é inaceitável, porque eles colocam punição a qualquer país que não cumpre o Acordo de Paris. Nem eles cumpriram o Acordo de Paris. É preciso que eles tenham um pouco mais de sensibilidade, de humildade”, declarou Lula, em coletiva de imprensa.
Segundo o mandatário, o Mercosul estuda uma contraproposta à UE, para que o acordo “favoreça a todos”. Ele também pediu que os países integrantes do bloco europeu abram mão do “perfeccionismo e do protecionismo” para que seja construída a possibilidade de um acordo.
“Eu vou estar na França hoje, vou converesar com Macron, porque a França é muito dura na defesa dos seus interesses agrícolas. É muito importante convencer a França que eles têm o direito de defender a sua agricultura, mas os outros países também têm esse direito”, defendeu.
Defendido como prioridade por Lula, acordo Mercosul-UE segue emperrado há 23 anos
Acordo Mercosul-UE
Em negociação há pelo menos 20 anos, a concretização do tratado comercial é uma das apostas do petista para o terceiro mandato. No entanto, esbarra em entraves impostos por nações do bloco europeu, principalmente relacionados à proteção ambiental.
O acordo de livre comércio está em negociação desde 1999, e foi assinado 20 anos depois, no início da gestão de Jair Bolsonaro (PL). O documento, porém, ainda não foi ratificado; logo, não entrou em vigor.
Para que isso ocorra, o texto precisa ser aprovado pelos parlamentares de todos os países-membros dos dois blocos econômicos, além de passar por procedimentos internos de ratificação. Caso seja concluído, o documento criará a maior zona de livre comércio no mundo.
Viagem à Europa
O presidente Lula viaja nesta quinta (22/6) para a França após uma visita breve à Itália, no entanto, recheada de agendas. O petista conversou com lideranças políticas italianas, entre elas, o presidente do país, Sergio Matarella, e a primeira-ministra de extrema direita, Giorgia Meloni. No Vaticano, foi recebido pelo Papa Francisco.
Esta é a a terceira viagem do petista à Europa em cinco meses. Em Paris, o presidente Lula deve participar da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global. Ele também deve discursar no evento do Power Our Planet, no Campo de Marte, na capital francesa. O convite para participação neste último encontro foi feito por Chris Martin, do Coldplay.
À noite, ele será recepcionado para um jantar oferecido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, aos chefes de delegação participantes da cúpula