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Lula baterá recorde de mulheres e negros nos ministérios desde a redemocratização

Quando tomar posse, Lula contará com 11 mulheres e 5 negros nos ministérios. O seu terceiro mandato também terá a 1ª ministra indígena

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Presidente eleito, Lula, fala com a imprensa sobre a semana em Brasília e sobre o governo de transição. Na imagem, ele ajeita o terno - Metrópoles
1 de 1 Presidente eleito, Lula, fala com a imprensa sobre a semana em Brasília e sobre o governo de transição. Na imagem, ele ajeita o terno - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Quando tomar posse em 1° de janeiro de 2023, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá em seu ministério 11 mulheres (sendo uma indígena) e cinco negros. Trata-se da maior marca de inclusão feminina no governo federal. Até então, o maior número havia sido registrado no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), que assumiu em 2011 com nove mulheres no primeiro escalão.

O Metrópoles consultou a Biblioteca da Presidência da República para realizar o levantamento. Foi considerado o período desde a redemocratização do Brasil, em 1985.

Lula foi alvo de críticas antes mesmo de anunciar sua equipe completa para a Esplanada dos Ministérios. Isso porque a primeira leva de ministros confirmados pelo petista era composta só por homens. Após a pressão, o futuro presidente prometeu diversificar as caras dos seus 37 ministérios para “tentar montar um governo que seja a cara da sociedade brasileira, em sua total plenitude”.

Em 2023, o presidente eleito também atingirá outra marca histórica: a nomeação da primeira ministra indígena do país, a deputada federal Sonia Guajajara (Psol).

Ao anunciar os últimos ministros que faltavam para a sua equipe, Lula comemorou a presença de mulheres e de uma indígena no grupo. “Estou feliz porque nunca antes na história do Brasil teve tantas mulheres ministras. Nunca antes tivemos uma indígena ministra dos povos indígenas”, declarou o futuro presidente.

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Sonia Guajajara será ministra dos Povos Originários
Lula anuncia novos nomes para ministérios em coletiva de imprensa no CCBB
Lula anuncia novos nomes para ministérios em coletiva de imprensa no CCBB
Marina Silva será novamente ministra do Meio Ambiente
Simone Tebet (MDB) será ministra do Planejamento e Orçamento no futuro governo Lula
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Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda, o presidente eleito Lula e Simone Tebet (MDB), ministra do Planejamento e Orçamento

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Lula posa com ministros e ministras do novo governo

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O próprio Lula contabilizava, até agora, a marca de governo com o maior número de negros no primeiro escalão. Em cada posse do petista (2003 e 2007), quatro afrodescentendes foram nomeados. Entres eles, estavam o cantor e compositor Gilberto Gil e a futura ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede).

A cerimônia de posse de Lula para o terceiro mandato como presidente será no próximo domingo (1º/1), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O evento terá shows de artistas de diversos gêneros que demonstraram apoio ao petista durante a campanha eleitoral.

Sinal de avanço

Segundo a professora associada e especialista em Políticas Afirmativas e Educação das Relações Raciais e Gênero da Universidade de Brasília (UnB), Renísia Filice, a nomeação de um indígena, cinco negros e 11 mulheres é um avanço para o debate racial e de direitos das mulheres no Brasil.

“Existirá uma possibilidade de construir uma política intersetorial para que as decisões sejam tomadas com um olhar mais diverso”, diz. Para ela, mesmo que a inclusão de mulheres e negros seja positiva, a continuidade dessa prática dentro das pastas será desafiadora.

“As pautas que envolvem o racismo estrutural, identitarismo, sexismo, a LGBTQIA+fobia, sofrem historicamente uma resistência. Mas, não pode existir debate econômico sem a discussão dessas pautas”, afirma. Além disso, ela defende que as futuras ministras sejam “ouvidas” durante o governo.

Já o doutor em história política pela Unesp, professor do Colégio Mackenzie Tamboré e analista político, Victor Missiato, considera a nomeação uma “mudança molecular” porque as pastas de maior orçamento continuam “nas mãos do PT e do Centrão”.

“Essas mudanças são muito importantes por terem fundamento histórico racial”, conta. Missiato acredita que o desafio será fazer a ponte entras as demandas das 37 pastas.

Confira como foi o avanço da inclusão e diversidade no primeiro escalão dos presidentes do Brasil, desde 1985.

SARNEY (1985-1990)

O governo de José Sarney marca o período de pior representatividade feminina. Em 25 ministérios, mulheres e afrodescendentes não fizeram parte do primeiro escalão. Durante o governo, apenas Dorothéa Fonseca atuou como ministra interina no Ministério do Trabalho.

FERNANDO COLLOR (1990-1992) – renúncia

Fernando Collor nomeou apenas duas mulheres no primeiro escalão. Mas, pessoas negras não ganharam espaço nos ministérios do presidente. Confira os nomes das ministras e seus cargos:

  • Margarida Procópio, ministra da Ação Social (1990-1992)
  • Zélia Maria de Mello, ministra da Fazenda (1990-1991)

ITAMAR FRANCO (1992-1994)

Após a renúncia de Collor, Itamar Franco assumiu a faixa do executivo e pôde dar sua cara aos ministérios. O primeiro escalão do presidente contou com a ausência de mulheres e afrodescendentes.

De fato, apenas uma mulher assumiu uma das pastas do governo. Durante cinco meses, Luiza Erundina foi ministra da Secretaria de Administração Federal.

FHC – 1º mandato (1995-1998)

No primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, os nomes escolhidos para compor o primeiro escalão contaram, apenas, com uma mulher e uma pessoa negra. O rei do futebol, Pelé, assumiu a pasta de Esportes durante três anos.

  • Dorothea Werneck, ministra da Indústria, do Comércio e do Turismo (1995-1996)
  • Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, ministro dos Esportes (1995-1998)

Em 29 de abril de 1998, Pelé deixou a pasta e, após sua exoneração, o ministério foi extinto. No mesmo ano, Cláudia Costin assumiu o ministério da Administração, quando o então titular, Bresser Pereira, pediu afastamento para participar da campanha à reeleição de FHC.

FHC – 2º mandato (1999-2002)

O primeiro escalão do segundo mandato de FHC não nomeou mulheres e negros. Anadyr de Mendonça Rodrigues foi a primeira ministra do tucano. Ela assumiu a então Corregedoria-Geral da União, criada em abril de 2001. Anadyr comandou a pasta até 1º de janeiro de 2003.

LULA – 1º mandato (2003-2006)

Antes do governo Dilma (2011-2015), o primeiro mandato de Lula tinha estabelecido a maior marca de mulheres no primeiro escalão. No total, foram cinco mulheres escolhidas.

Lula também detém a maior quantidadade de negros entre os nomeados. Em 2003, foram empossados quatro afrodescendentes. Confira os ministros:

  • Benedita da Silva, ministra da Assistência e Promoção Social (2003-2007)
  • Dilma Rousseff, ministra de Minas e Energias (2003-2005)
  • Emília Fernandes, ministra dos Direitos da Mulher (2003-2004)
  • Gilberto Gil, ministro da Cultura (2003-2008)
  • Marina Silva, ministra do Meio Ambiente (2003-2008)
  • Matilde Ribeiro, ministra da Igualdade Racial (2003-2008)

LULA – 2º mandato (2006-2010)

Após a reeleição, o primeiro escalão de Lula era composto por cinco mulheres e quatro pessoas negras, destas, dois eram homens. Saiba quem foram os ministros negros e mulheres do petista:

  • Benedita da Silva, ministra da Assistência e Promoção Social (2003-2007)
  • Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil (2005-2010)
  • Gilberto Gil, ministro da Cultura (2003-2008)
  • Marina Silva, ministra do Meio Ambiente (2003-2008)
  • Marta Suplicy, ministra do Turismo (2007-2008)
  • Nilcea Freire, ministra dos Direitos da Mulher (2004-2011)
  • Orlando Silva, ministro dos Esportes (2006-2011)

DILMA – 1º mandato (2011-2015)

Até 2022, Dilma Roussef havia sido a presidente com mais mulheres no primeiro escalão. Ao todo foram nove mulheres nomeadas, marca superior aos governos anteriores. Além disso, dois negros ocuparam pastas no governo da petista, a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, e o ministro dos Esportes, Orlando Silva.

  • Anna de Hollanda, ministra da Cultura (2011-2012)
  • Helena Chagas, ministra da Secretaria de Comunicação da Presidência (2011-2014)
  • Ideli Salvatti, ministra da Pesca e Aquicultura (2011)
  • Iriny Lopes, ministra da Secretaria de Política para as Mulheres (2011-2012)
  • Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente (2010-2016)
  • Luiza Bairros, ministra da Igualdade Racial (2011-2015)
  • Maria do Rosário, ministra dos Direitos Humanos (2011-2014)
  • Miriam Belchior, ministra do Planejamento (2011-2015)
  • Orlando Silva, ministro dos Esportes (2011)
  • Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social (2011-2016)

DILMA – 2º mandato (2015-2016)

Após emplacar um primeiro escalão com nove mulheres em 2011, a equipe do segundo mandato da presidente reeleita era dividida em 39 pastas, com seis mulheres. Só havia uma pessoa negra: a ministra Nilma Lino Gomes.

  • Eleonora Menicucci, ministra das Políticas para as Mulheres (2012-2015)
  • Kátia Abreu, ministra da Agricultura (2015-2016)
  • Ideli Salvatti, ministra dos Direitos Humanos (2014-2015)
  • Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente (2010-2016)
  • Nilma Lino Gomes, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos (2015-2016)
  • Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social (2011-2016)

TEMER (2016-2018)

O governo de Michel Temer não teve mulheres e pessoas negras no primeiro escalão. Foram anunciados 22 nomes na posse em 2016.

Em fevereiro de 2017, Temer criou o ministério dos Direitos Humanos. Luislinda Valois assumiu a pasta na tentativa de “melhorar a imagem do governo”.

BOLSONARO (2019-2022)

O primeiro escalão do presidente Jair Bolsonaro (PL), formado por 22 integrantes, contou com apenas com duas mulheres. Nenhum negro foi nomeado.

  • Tereza Cristina, ministra da Agricultura (2019-2022). Desistiu do cargo para participar das Eleições de 2022, na qual foi eleita senadora pelo Mato Grosso do Sul.
  • Damares Alves, ministra das Mulheres, Família e Direitos Humanos (2019-2022). Também deixou a pasta para participar das Eleições de 2022, na qual foi eleita senadora pelo Distrito Federal.

LULA – 3° mandato (2023-2026)

Em seu terceiro governo, Lula estabelece um número histórico de mulheres no primeiro escalão, com 11 ministras anunciadas. Além disso, estabelece o recorde de inclusão racial, com cinco negros e um indígena escolhidos para comandarem as pastas do governo. Confira a lista:

  • Ana Moser, ministra dos Esportes
  • Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial
  • Cida Gonçalves, ministra das Mulheres
  • Daniela Souza, ministra do Turismo
  • Esther Dweck, ministra da Gestão e Inovação
  • Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia
  • Margareth Menezes, ministra da Cultura
  • Marina Silva, ministra do Meio Ambiente
  • Nísia Trindade, ministra da Saúde
  • Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos
  • Simone Tebet, ministra do Planejamento
  • Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas

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