Lula assina ficha de Requião no PT e defende Estado forte
O ex-presidente Lula defendeu nesta sexta-feira (18/3) em Curitiba a presença forte do Estado para fazer a diferença em momentos de crise
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lembrou nesta sexta-feira (18/3), em evento de filiação do ex-governador do Paraná Roberto Requião ao partido, que na crise de 2008, quando era presidente, o barril de petróleo estava a US$ 147 dólares e a gasolina era apenas R$ 2,60.
“Aos meus 76 anos de idade não acredito em Estado fraco. Um Estado que nega todos seus recursos para pagar juros. [Acredito em] Um Estado que não deixe faltar comida e remédio para o povo. [Quando era presidente] O Brasil não era um país pária como é hoje, com um psicopata no poder”, disse referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem será rival na eleição de outubro.
“Hoje vivi um dos dias mais emocionantes da minha vida. Fui encontrar companheiras que fizeram vigília. Nunca aceitei que o Paraná seja estado conservador e antipetista”, discursou. “Um estado que tem Requião e uma mulher da qualidade da companheira Gleisi (Hoffman, deputada federal que é presidente nacional do PT) não pode ser chamado de conservador.”
Lula viajou à capital do Paraná para a filiação ao PT de Requião, que deixou o MDB no ano passado. Requião entrou no partido para concorrer pela quarta vez ao governo do estado (já cumpriu três mandatos). Foi a primeira vez que Lula esteve em Curitiba depois de deixar a carceragem da Polícia Federal, onde esteve preso por 580 dias cumprindo pena por condenação na Lava Jato.
“Foco na liberação do país”
Requião, ao discursar no ato de sua filiação, disse que a entrada no partido foi uma decisão pensada com calma. Com ele, entraram no PT o deputado estadual Requião Filho e lideranças sindicais do estado do Paraná. “Agradeço ao companheiro Lula o testemunho deste ato”, disse o ex-governador, que citou o momento de “foco na liberação do país”. “A tarefa de salvação e reconstrução do país é maior do que quaisquer diferenças.”
“Acredito firmemente que o Lula, com um programa de governo radicalmente comprometido com as classes populares e nacionais, terá uma vitória retumbante que recolocará o país no caminho do desenvolvimento, do emprego e da recuperação da soberania nacional”, disse. “É o Lula o único candidato capaz de tirar o país do atoleiro. Talvez seja essa a batalha das nossas vidas.”
Sobre a eleição estadual, Requião disse: “Ofereço minha candidatura ao governo do Paraná como ponto de convergência dos que se opõem a essa gestão desastrada no estado”. Ele lembrou de ações de seus governos anteriores, como a tarifa social da água e a energia elétrica subsidiada para famílias de baixa renda, e falou sobre prioridades de uma eventual nova gestão.
Encontro com integrantes da vigília
À tarde, pouco depois de chegar à cidade, Lula se encontrou com um grupo de cerca de 100 pessoas que participaram da Vigília Lula Livre – . acampamento de militantes que se revezou durante os 580 dias em que o ex-presidente esteve preso e ficou junto à Superintendência da PF pedindo a libertação do prisioneiro.
O ex-presidente agradeceu aos militantes. “Eu sempre agradeço a Deus, que sempre foi muito generoso comigo, porque mesmo depois de me jogarem em um poço, de jogarem toneladas de mentiras contra mim, eu encontrei vocês, que eu nem conhecia, e a dedicação de vocês, a confiança de vocês me ajudou a sobreviver em uma cela”, disse Lula ao grupo.
Segurança reforçada
O encontro do PT foi realizado na Expo Unimed, um espaço de eventos que funciona na área da Universidade Positivo, distante 13 km do centro de Curitiba. Todo o trecho até o local teve patrulhamento especial da Polícia Militar. Havia temor de ação de grupos antipetistas nas ruas de acesso.
No local, foi organizado um esquema de acesso individual, com passagem por detector de metais, para evitar problemas de segurança.
Cerca de 3 mil pessoas participaram do ato, que ocorreu sem problemas. O temor de confrontos com grupos antipetistas acabou não se confirmando, e somente um pequeno grupo de manifestantes chegou a ir até a frente do local do encontro.
Com o MST em Londrina
A programação de Lula no Paraná continua neste sábado (19/3). Ele vai visitar o assentamento Eli Vive, em Londrina (PR) e participar da “Jornada de Solidariedade: Rumo aos Comitês Populares”. Será o lançamento nacional desses comitês do Movimento dos Sem Terra (MST), que vão ajudar na campanha pela eleição de Lula. O movimento pretende criar 5 mil comitês em todo o Paraná.
Os processos e a prisão de Lula
O ex-presidente Lula se entregou à Justiça em 7 de abril de 2018 para cumprir uma pena de 8 anos e 10 meses por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP). Ele havia sido condenado em 2017 em primeira instância pelo então juiz Sergio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, e teve a condenação referendada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Em novembro de 2019, o STF mudou o entendimento sobre o início do cumprimento da pena. Já não seria mais obrigatoriamente logo após a condenação em segunda instância (caso de Lula), e sim após trânsito em julgado (condenação definitiva). Lula deixou então a prisão.
Há pouco mais de um ano, o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, anulou todas as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) nas ações contra o ex-presidente e determinou que os processos fossem reiniciados na Justiça Federal do Distrito Federal. Desde então, várias ações já tiveram seu recomeço rejeitado ou tramitação prescrita.