Ao lançar programa, Lula defende “mais negros em espaços de poder”
Governo anunciou ações para juventude negra, em temas como segurança, saúde e educação. Nacionalização de câmeras corporais é prioridade
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anuncia, nesta quinta-feira (21/3), junto à ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, R$ 665 milhões em ações do Plano Juventude Negra Viva. A solenidade ocorre em Ceilândia, no Distrito Federal.
O programa tem algumas prioridades já definidas, como a nacionalização do uso de câmeras corporais, com treinamento e capacitação dos agentes de segurança, a fim de reduzir a violência; criação de bolsas de R$ 500 como incentivo para jovens negros inscritos em capacitações de um ano em institutos federais; e inclusão de recortes para a juventude negra em projetos de saúde pública.
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Demais metas incluem o investimento de R$ 6 milhões para intercâmbios de professores e estudantes de licenciatura com outros países do Sul Global; implementação de internet em territórios periféricos e tradicionais; e formação de jovens esportistas na periferia.
Os estudantes presentes receberam o chefe do Executivo com gritos de “olê olê olê olá, Lula” e aplaudiram, especialmente, os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Silvio Almeida (Direitos Humanos).
Lula pediu apoio de todos os ministros e do público para divulgar o novo lançamento: “Se depender da nossa gloriosa imprensa, vocês não saberão do programa”.
“Cada ministro tem que adotar o Plano Juventude Negra em cada discurso, em cada cidade, em cada estado, em cada fórum para as pessoas saberem o que é. Todo mundo envolvido na Juventude Negra tem que viajar para o povo saber, se não vira um programa natimorto”, afirmou.
Depois, o presidente falou para os estudantes “explicarem o programa” quando encontrarem os namorados. “Quando se reunirem para falar do Lula não tem problema, fale mal, mas lembrem que lançamos o plano e vocês têm responsabilidade de fazer esse plano dar certo”.
O chefe do Executivo também pediu por mudança. “Temos um longo caminho a percorrer, precisamos de mais negros em espaços de poder: procuradores, juízes, servidores de primeiro escalão, deputados, senadores, ministros e por que não até o presidente da República amanhã vir a ser um negro? E quem sabe esse presidente não está aqui nesse plenário”.
Os alunos também demonstraram apoio a Anielle e ao programa Pé de Meia, uma poupança pela conclusão do Ensino Médio.
Alguns estudantes deixaram o evento antes do fim da fala do presidente. Márcio Macêdo, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, esclareceu que se tratou de um conflito de horários, porque os jovens tinham aula à tarde e precisavam pegar o ônibus em um certo horário.
Marinete da Silva, mãe da ministra e de Marielle Franco, prestigiou o evento e recebeu convite para subir ao palco.
A titular da Igualdade Racial chamou o programa de resposta à “urgência” da juventude negra. “A gente precisa garantir nossos jovens vivos”, afirmou Anielle.
“Me tiraram minha melhor amiga, me tiraram minha parceira de luta, mas não tiraram minha vontade de lutar. A gente vive uma disputa de narrativa e eu tenho muito orgulho de estar do lado certo da história. Quero falar da gente vivo, chegando, protagonizando”, disse.
“Esse governo não faz nem fará política dentro de gabinete, é com o povo, na rua, segurando na mão e entendendo o dia a dia”, ressaltou a ministra.
Programa anunciado por Lula
Os programas dentro do pacote se dividem em 11 eixos:
- Acesso à Justiça e segurança pública;
- Promoção da saúde;
- Geração de trabalho, emprego e renda;
- Educação;
- Cultura;
- Ciência e tecnologia;
- Esporte;
- Meio ambiente, garantia do direito à cidade e valorização dos territórios;
- Assistência social;
- Segurança alimentar e nutricional;
- Fortalecimento da democracia.