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Luiz Orlando, referência na cobertura do Judiciário, morre aos 84 anos

Luiz Orlando Carneiro faleceu nesta quinta-feira (12/1), em Brasília. Ele foi um dos maiores jornalista de Judiciário do país

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Gil Ferreira/SCO/STF
Luiz Orlando
1 de 1 Luiz Orlando - Foto: Gil Ferreira/SCO/STF

Jornalismo, direito e jazz. Essas três palavras fizeram parte da rotina de Luiz Orlando Carneiro por, pelo menos, 60 anos. O veterano da cobertura do Supremo Tribunal Federal (STF), carinhosamente apelidado de Luiz O, faleceu aos 84 anos nesta quinta-feira (12/1), em Brasília.

O jornalista estava internado com um quadro de septicemia, quando o corpo reage de forma exagerada a uma determinada infecção no corpo e provoca uma inflamação generalizada.

Há duas semanas, ele chegou a se aposentar do último veículo em que trabalhou, o portal JOTA, mas pediu para que a saída não fosse comentada.

A jornada de Luiz O no jornalismo, porém, começou há 60 anos, quando foi repórter-estagiário do Jornal do Brasil em 1958, o maior veículo de notícias brasileiro da época. Lá dentro, foi chefe de reportagem entre 1964 e 1969 e chegou até o cargo de chefe da sede do jornal em Brasília, entre 1979 e 1992.

Mas, além disso, foi no Jornal do Brasil que Luiz O começou a carreira no Judiciário. Apesar de ter se formado em Direito em 1963, na Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), a cobertura jornalística já tinha se tornado sua paixão. Em 1992, ele decidiu voltar a ser repórter do veículo em que trabalhava para estar próximo do dia a dia do STF, principalmente após a aprovação da Constituição de 1988.

Em 2008, o ministro Gilmar Mendes, então presidente do STF, entregou uma medalha de ouro ao jornalista pelo trabalho que desempenhava na Corte por tantos anos. Na época, o prêmio só era entregue para autoridades estrangeiras que visitavam a Casa. “Luiz Orlando é um exemplo para todos nós”, ressaltou o magistrado.

Homenagens

O longo trabalho no Judiciário fez com que nomes importantes se pronunciassem sobre o falecimento de Luiz O.

A presidente do STF, Rosa Weber, publicou a seguinte homenagem:

“Com tristeza, manifesto sinceros sentimentos pela perda do excepcional jornalista Luiz Orlando Carneiro. Retratou o Supremo Tribunal Federal diariamente por quase três décadas, sempre com respeito à Corte e seus integrantes, levando a informação correta aos brasileiros. Em nome da Suprema Corte, registro que o jornalismo perde uma grande referência e um profissional que sempre será exemplo para as próximas gerações.”

Outros ministros do tribunal também se pronunciaram sobre a perda do jornalista.

“Conheci Luiz Orlando Carneiro quando ele estava na direção do Jornal do Brasil e o encontrei algumas vezes na cobertura jornalística diária do Supremo Tribunal Federal. Luiz Orlando tinha duas virtudes que dignificam o jornalismo: integridade e isenção. Gentil e respeitoso, retratou a atuação do Supremo Tribunal Federal sempre comprometido com a verdade. Uma grande perda para o jornalismo, para o Supremo e para o Brasil”, declarou o ministro Luís Roberto Barroso.

O ministro Gilmar Mendes também lamentou a perda, ao dizer que Luiz O “inventou” a atividade de cobertura do Judiciário.

“Registro com imenso pesar o falecimento de Luiz Orlando Carneiro. O decano da cobertura jornalística do Supremo Tribunal Federal foi também o inventor dessa atividade. Seu uso elegante do vernáculo, o domínio do campo jurídico e a assertividade na análise vão fazer muita falta ao jornalismo. Sua personalidade afável, o largo conhecimento humanístico e a sofisticada cultura jazzística, farão mais falta ainda ao Brasil”, disse.

Em nota o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ressaltou que jornalista “foi um exemplo de dedicação, competência e seriedade profissional. Luiz Orlando deixa uma lição de vida inspiradora para todos nós”, diz o texto da Corte.

Clube do Jazz

Nos tempos em que dava uma pausa do juridiquês e das redações de jornal, Luiz O se aventurava pelo jazz. Em 1965, o jornalista foi um dos fundadores do Clube de Jazz e Bossa, ao lado de nomes como Jorge Guinle, Ricardo Cravo Albin, Ary Vasconcelos, Sérgio Porto, Vinicius de Moraes e Tom Jobim. O grupo funcionou até 1967 com apresentações e homenagens semanais dentro do gênero musical.

Mesmo em cargos de chefia ou na reportagem, ele nunca deixou de escrever colunas e textos sobre jazz. Não à toa, Luiz O se tornou o autor de livros como Jazz: Uma Introdução (1982), Obras-Primas do Jazz (1986) e Elas Também Tocam Jazz (1989).

“Luiz Orlando Carneiro proporcionou a esta jovem repórter, quando recém-chegada a Brasília em 2019, a oportunidade única de ter aulas de história sobre o que ele viu, viveu e sabia do Direito, do jornalismo e, ainda, do latim e do mundo do jazz — tema em que era referência mundial”, relembrou, em homenagem, a jornalista Fernanda Valente, que foi colega de trabalho no jornal JOTA.

Além das obras sobre jazz, Luiz O também assina os livros Nova Constituição para Crianças (1989), em coautoria com Inês Carneiro Cavalcanti; e Entrevistas Imaginárias (2017).

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