Lotação em hospitais põe 412 pessoas na fila por leito de Covid em GO
Obtido com exclusividade pelo Metrópoles, levantamento registra 236 pacientes à espera de vaga em UTI, outros 176 aguardam por enfermaria
atualizado
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Goiânia – Em Goiás, ao menos 412 pessoas com Covid-19 agonizam na fila de espera por um leito em unidade de terapia intensiva (UTI) ou enfermaria para tratamento contra complicações da doença. Só em Goiânia, na região metropolitana e no Entorno do Distrito Federal, 126 pacientes suplicam por uma dessas vagas.
Nesta segunda-feira (8/3), o estado atingiu quase 99% de ocupação em UTI para Covid, alcançando a pior taxa desde o início da pandemia, apesar do constante aumento de leitos.
Levantamento mais recente do setor de Regulação da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SESGO), ao qual o Metrópoles teve acesso com exclusividade, mostra que a fila por leito de UTI tem 236 pacientes com Covid em estado muito grave. Outras 176 pessoas aguardam por vaga em enfermaria para tratamento contra complicações severas da doença.
Via-crúcis
Como não há vaga disponível para todos os pacientes, a secretaria prioriza os casos mais urgentes na seleção para ocupar os leitos livres. As pessoas são encaminhadas conforme o perfil da vaga disponível, mas só depois de enfrentarem longa via-crúcis e se vencerem o tempo de espera, que, em algumas cidades, chega a uma semana.
No total, de acordo com o levantamento da Regulação, 81 municípios goianos têm ao menos um paciente com Covid na fila por vaga de UTI, e 64 cidades ainda tentam encontrar leito em enfermaria para algum morador com a doença.
Entorno do DF
Na Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno e Distrito Federal (Ride-DF), por exemplo, oito municípios têm, no total, 20 pacientes com complicações graves da Covid que necessitam de vaga em UTI. São eles: Águas Lindas (4), Alto Paraíso (1), Alvorada do Norte (1), Corumbá (1), Formosa (5), Goianésia (2), Luziânia (3) e Pirenópolis (3).
Na mesma região, que está em situação de calamidade em relação à Covid-19, sete cidades têm, juntas, 27 pessoas contaminadas aguardam por vaga em enfermaria. São elas: Abadiânia (1), Águas Lindas (7), Alexânia (3), Cabeceiras (2), Cristalina (3), Novo Gama (2) e Valparaíso (9).
Capital e região metropolitana
Classificadas também no nível mais crítico em relação à doença, Goiânia e região metropolitana aumentam a lista de pacientes com Covid na longa fila de espera por UTI.
No total, nessa área do estado, suplicam por leitos 45 moradores com complicações mais graves da doença. Eles vivem em Abadia de Goiás (1), Aparecida de Goiânia (2), Aragoiânia (1), Caturaí (1), Goianira (1), Goiânia (7), Hidrolândia (2), Inhumas (18), Nova Veneza (4), Senador Canedo (6), Trindade (2).
A lotação nos hospitais também aumenta o sofrimento de outras 34 pessoas com Covid e que tiveram recomendação para tratamento em enfermaria, nos municípios de Aparecida de Goiânia (1), Brazabrantes (1), Caldazinha (1), Goiânia (5), Goianira (3), Santo Antônio de Goiás (1), Senador Canedo (9), Trindade (12) e Terezópolis (1).
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, nenhuma das pessoas na fila por vaga de UTI ou de enfermaria está sem atendimento. Segundo a pasta, elas recebem assistência em leitos que não são exclusivos para coronavírus nas unidades de origem do pedido até que sejam transferidas para hospitais dedicados aos casos confirmados de Covid-19.
Diante do caos no sistema de saúde, as autoridades decidiram manter regras severas, adotadas na semana passada, para tentar diminuir a disseminação da Covid-19 em Goiânia e na região metropolitana. Entre as principais medidas, estão as restrições ao funcionamento do comércio considerado não essencial.
Leitos improvisados
Como mostrou o Metrópoles, a lotação dos hospitais e dos leitos de Covid-19 em Goiás já reflete no tempo de espera de pacientes de cidades do interior do estado. Pessoas que deveriam ser encaminhadas para UTIs ficam em leitos improvisados semi-intensivos de unidades de saúde local, enquanto aguardam pela liberação de vagas adequadas.
Em entrevista ao portal, o secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, disse que está ocorrendo certa confusão em cidades do interior.
“Está acontecendo, com frequência, a seguinte situação: o paciente chega à unidade no interior, [os médicos] diagnosticam Covid e, ato contínuo, já pedem UTI. Às vezes, o paciente está com quadro clínico que poderia continuar seu tratamento em enfermaria onde está”, ressalta.
Calamidade total
Ao todo, 222 dos 246 municípios goianos estão em situação de calamidade. Mapa da gravidade da pandemia divulgado na sexta-feira (5/3) mostra que 16 das 18 macrorregiões seguem no nível mais avançado da Covid-19.
Em Goiás, de acordo com monitoramento da secretaria, já foram registrados 413.060 casos de Covid-19, com 8.928 mortes. Outros 262 óbitos estão em investigação. A taxa de letalidade da doença está em 2,16%.