Longe da meta, vacinação contra a gripe amplia público-alvo
Apenas 28% dos integrantes do grupo prioritário receberam a proteção. Objetivo era que 90% do público-alvo já estivesse imunizado
atualizado
Compartilhar notícia
Após completar dois meses, a campanha de vacinação contra a gripe atingiu apenas 28,8% do público-alvo. Com o ritmo lento, o Ministério da Saúde entra na última fase da campanha nesta quarta-feira (9/6), quando a população convocada será ampliada (veja lista abaixo).
A esta altura da imunização, ao menos 90% dos grupos prioritários deveriam ter recebido a proteção. Contudo, partes desse público têm resistido à dose.
Os dados fazem parte de um levantamento do Metrópoles, com base em informações divulgadas pela plataforma LocalizaSUS, canal de prestação de contas do Ministério da Saúde.
Desde 12 de abril, quando a campanha foi iniciada pelo Ministério da Saúde, 23 milhões de pessoas receberam a vacina. Neste ano, a intenção das autoridades de saúde é imunizar 79,7 milhões de pessoas. Até o momento, foram distribuídos 58,3 milhões de doses aos estados e municípios.
No ano passado, em meio à pandemia, o governo prorrogou a campanha contra a gripe com o objetivo de atrair mais público. O ministério estuda a possibilidade de repetir a medida neste ano, mas nenhuma decisão foi tomada ainda.
Veja o público que será vacinado a partir de 9 de junho:
- Pessoas com comorbidades
- Pessoas com deficiência permanente
- Caminhoneiros
- Trabalhadores de transporte coletivo
- Trabalhadores portuários
- Forças de segurança e salvamento
- Forças Armadas
- Funcionários do sistema prisional
- População privada de liberdade
As campanhas contra a gripe e a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, ocorrem simultaneamente. A área técnica do Ministério da Saúde recomenda que haja intervalo de 14 dias na aplicação das vacinas.
Ou seja, caso um idoso receba a imunização contra a Covid-19, ele terá de esperar duas semanas para receber a proteção contra a gripe.
Durante a campanha, observou-se que partes da população não têm ido se imunizar contra a gripe. Os idosos, por exemplo, com 33% do público-alvo vacinado, é a faixa que menos procurou os postos de saúde.
Em seguida, os trabalhadores da saúde (39%) e povos indígenas (42%) são os grupos que menos procuraram as salas de imunização.
O balanço mais recente indica que idosos, crianças, trabalhados de saúde e gestantes são os que mais receberam doses da proteção (veja números abaixo).
Por região, o Centro-Oeste, com 43,8% do público-alvo vacinado, lidera o ranking da campanha. A seguir, vem Sul (32,4%), Sudeste (27,4%), Nordeste (27,3%) e Norte (21,1%).
A título de comparação, a campanha contra a Covid-19 já aplicou 68,3 milhões de doses, das quais somente 21 milhões são de reforço, ou seja, a imunização completa. Isso equivale a pouco mais de 10% da população. Ao todo, o Ministério da Saúde já convocou 78,2 milhões de pessoas para a campanha. Mais de 105 milhões de doses já foram distribuídas.
Veja população vacinada contra a gripe por doses:
- Idosos – 9,9 milhões
- Criança – 8,3 milhões
- Trabalhadores de saúde – 2, 3 milhões
- Gestantes – 978 mil
- Professores – 836 mil
- Povos indígenas – 326 mil
- Puérperas (mulheres que deram à luz recentemente) – 178 mil
“Segura e eficaz”
Especialistas ressaltam que a vacina contra a gripe é segura, eficaz na prevenção da doença e auxilia no combate ao adoecimento por síndromes respiratórias, o que ajuda o serviço médico em meio à pandemia.
Juliana Lapa, infectologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), explica que sempre que há duas campanhas concomitantes de vacinação, a imunização contra a gripe acaba sendo preterida.
“Isso ocorreu durante o surto de febre amarela, quando as pessoas acreditaram que não precisariam ou que era vacina demais. Mas a vacina da gripe é muito importante e usada há muitos anos”, ressalta.
A especialista completa: “Ela sempre passa por renovações para combater novas cepas da gripe que estão vigentes no momento. Não é só o vírus da Covid-19 que causa síndrome respiratória aguda grave (SRAG); o vírus da influenza também”.
“Redução de mortes”
Joana D’arc Gonçalves, infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e especialista em medicina tropical pela Universidade de Brasília (UnB), frisa que é essencial reduzir a circulação de doenças respiratórias neste momento.
“A vacina contra a influenza é essencial neste momento, isso porque os sintomas da Covid-19 e da gripe são semelhantes. Quando podemos descartar uma das doenças prevenindo, já ajuda no diagnóstico nos hospitais”, pondera.
A médica explica que além de facilitar nos diagnósticos, as vacinas reduzem os adoecimentos e as mortes. “Desde o início da aplicação da vacina contra a gripe, por exemplo, reduzimos em 20% as mortes em idosos por causa da doença”, salienta.