Loja em Salvador deixa de vender escravos de cerâmica após críticas
Peças de cerâmicas de negros acorrentados foram encontradas à venda em uma loja no aeroporto da capital baiana, no valor de R$ 99,99
atualizado
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A loja Hangar das Artes, localizada dentro do aeroporto de Salvador, na Bahia, suspendeu a venda de pelo menos sete estátuas de cerâmica com imagens de pessoas negras representadas como escravos acorrentados. As peças eram vendidas por R$ 99,90 a unidade.
Nesta quarta-feira (9/2), o estabelecimento fez uma publicação nas redes sociais dizendo que errou e chamou o episódio de “infelicidade”.
“Toda a nossa equipe vai passar por uma capacitação de letramento racial para que situações como essa não se repitam mais. Vamos redobrar os cuidados ao fazer as curadorias das peças da loja”, diz trecho do comunicado.
Também nesta quarta, o Ministério Público da Bahia determinou que o estabelecimento fosse notificado para fornecer informações sobre a venda das cerâmicas em um prazo de cinco dias.
Repercussão do caso
No domingo (6/2), um passageiro identificado como Paulo Cruz, de 39 anos, compartilhou nas redes sociais uma imagem com as cerâmicas. Historiador, Cruz, que é negro, disse que estava no aeroporto de Salvador rumo ao Rio de Janeiro, onde mora.
“No aeroporto internacional de Salvador, a loja @hangardasartes exibe em sua braceleira figuras de escravos à venda. ACORRENTADOS. No porto de entrada e saída da cidade mais preta das Américas. O preço da nossa história, genocídio e dor? R$ 99,90”, publicou.
“Enquanto aguardávamos o voo, entramos na loja, quando nos deparados com aquelas imagens na prateleira principal. No primeiro momento, foi um choque. Depois, o sentimento passou a ser de indignação”, prosseguiu.
Segundo Cruz, ele não chegou a conversar com as vendedoras do local, uma delas negra. “Imagino o constrangimento”, disse.
Na segunda-feira (7/2), com o caso já ganhando repercussão nacional, a loja publicou uma nota de retratação, na qual disse que as imagens são do “Preto(a) Velho(a) – espíritos que se apresentam sob o arquétipo de velhos africanos que viveram nas senzalas, majoritariamente como escravizadas, entidades essas que trabalham com a caridade e cuidam de todas as pessoas que os procuram para melhorar a saúde, abrir caminhos e ter proteção no dia a dia”.
“Por isso, algumas das peças possuem correntes, na tentativa (ERRÔNEA) de retratar a história dessa entidade de maneira literal”, diz trecho da nota.