metropoles.com

Lira conta votos para pautar reforma tributária e evitar derrota

O presidente da Câmara dos Deputados tomou a frente das negociações da pauta apoiada pelo governo

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Vinícius Schmidt/Metrópoles
imagem colorida mostra presidente da Câmara deputado Arthur Lira (PP-AL) - Metrópoles
1 de 1 imagem colorida mostra presidente da Câmara deputado Arthur Lira (PP-AL) - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A Câmara dos Deputados inicia mais um dia sem consenso sobre a votação da reforma tributária. Apesar do desejo do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), de votar o texto até sexta-feira (7/7), ainda não há acordo para garantir um placar confortável.

Ao longo da semana, Lira tem afirmado que a reforma é essencial para o avanço econômico do país. “Não vamos transformar a reforma tributária numa batalha política-partidária nem aproveitá-la para ganhar notoriedade momentânea. O Brasil é maior que todos nós!”, escreveu o deputado nas redes sociais.

O próprio relator da matéria, deputado Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB), disse esta semana que não é interessante tocar este caso como uma simples disputa entre Lula e Bolsonaro. Não há interesse de parte da Casa em tal polarização em relação ao texto.

A discussão da matéria foi iniciada, na noite de quarta-feira (5/7), no plenário da Câmara. A própria análise sobre retirada do tema de pauta mostra que os números para o governo, até o momento, não são confortáveis. Foram 302 votos contrários à retirada de pauta e que mantiveram o assunto em debate. Para que a reforma seja aprovada, é necessário conseguir a maioria qualificada: 308 dos 513 parlamentares.

Na leitura do relatório, Aguinaldo indicou uma mudança principal. Em meio às longas negociações pela votação da reforma tributária, o relator divulgou, na nova versão do parecer, a criação de uma cesta básica nacional com alíquota zero. Outro assunto é o texto do imposto relacionado aos produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente, o chamado “imposto do pecado”. Existe, inclusive, a possibilidade da sobretaxação já no período de transição da reforma.

 

3 imagens
Plenário da Câmara
Plenário da Câmara dos Deputados
1 de 3

Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
2 de 3

Plenário da Câmara

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
3 de 3

Plenário da Câmara dos Deputados

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Votação

A votação deve ocorrer nesta quinta-feira (6/7), e depende da análise do projeto de lei (PL) que retoma o voto de qualidade do Conselho Administrativo de Recursos Federais (Carf). O texto tramita em regime de urgência e, por isso, tranca a pauta da Câmara, impedindo que outras matérias sejam apreciadas antes de sua análise.

Se aprovada, a reforma tributária será um dos marcos da gestão de Lira na presidência da Câmara. Isso porque a discussão sobre o tema corre no Congresso Nacional há quase 20 anos, mas as Casas Legislativas ainda não chegaram a um entendimento sobre o assunto.

Enviada pelo governo federal em formato de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a reforma precisa de votos favoráveis de 3/5 dos deputados, ou seja, 308 votos. A análise ocorre em dois turnos de votação.

O maior bloco da Câmara dos Deputados é formado pelo PP, sigla de Lira, e pelas seguintes legendas: União, PSDB, Cidadania, PDT, PSB, Avante, Solidariedade e Patriota. Juntos, os partidos têm 174 deputados. No grupo, as siglas que apresentam maior resistência à reforma são o União e PSDB.

Por outro lado, o segundo maior bloco da Casa, formado por MDB, Republicanos, PSD e Podemos, já sinaliza que fechará questão a favor do texto, conforme mostrou a coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles. O bloco conta com 142 deputados.

Emendas

Nos últimos dias, a corrida de Lira e das lideranças governistas por votos foi azeitada pela liberação de emendas. Na terça-feira (4/7), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liberou R$ 2,1 bilhões em emendas parlamentares.

Entre os principais beneficiados estão partidos de fora da base de Lula: Progressistas (PP), Partido Liberal (PL), União Brasil, Novo, Republicanos, Podemos e PTB. O PP, principal legenda do Centrão, recebeu a liberação de R$ 291 milhões. O partido também abriga o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL). Já o PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, recebeu R$ 134 milhões.

Os dados foram acessados pelo Metrópoles por meio da plataforma Siga Brasil, que lista os gastos orçamentários da gestão federal.

Divergências entre prefeitos e governadores

A dificuldade de Lira em angariar votos também é influenciada pelas discordâncias de prefeitos e governadores sobre o texto da reforma. Os gestores municipais e estaduais alegam que a matéria causará perda na arrecadação, gerando prejuízo aos cofres de cidades e estados.

Ao longo da semana, prefeitos e governadores se reuniram com o presidente da Câmara e com o relator do texto, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), para pedir alterações e até mesmo o adiamento da votação. Lira, no entanto, foi irredutível e decidiu manter a votação para esta semana.

Na noite de terça, governadores do Sul e do Sudeste também encontraram Aguinaldo Ribeiro para propor alterações no texto. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, encontra Jair Bolsonaro (PL) nesta quinta para discutir a reforma.

Apesar dos pedidos de alteração no texto, Tarcísio disse estar “95% favorável” ao texto. Por outro lado, Bolsonaro se opõe à aprovação da reforma. O governador de SP pretende conversar pessoalmente com Bolsonaro na quinta para tentar convencê-lo a não se opor à matéria.

A reforma

Entre os principais pontos da reforma tributária enviada ao Congresso pelo governo Lula, está a criação de um único imposto sobre consumo. A proposta cria o Imposto de Valor Agregado (IVA) dual, com duas frentes de cobrança para substituir cinco tributos.

Pelo modelo, os tributos federais (IPI e PIS Cofins) seriam substituídos por uma frente chamada Contribuição Sobre Bens e Serviços (CBS). Já os impostos estadual (ICMS) e municipal (ISS) seriam substituídos pelo Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS).

Um dos pontos da reforma é a criação de um Conselho Federativo, formado por representantes de estados e municípios, que seria responsável pela arrecadação do IBS e por repassá-lo aos entes federativos.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?