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Lideranças petistas querem adiar cumprimento da ordem de prisão

Intenção é ganhar o máximo de tempo possível, pelo menos uma semana. Petistas discutem estratégia de “resistência”

atualizado

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Suzano Almeida/Metrópoles
reuniao ABC
1 de 1 reuniao ABC - Foto: Suzano Almeida/Metrópoles

Enviado especial a São Paulo (SP) – Lideranças petistas discutiram, nesta sexta-feira (6/34), como será a “resistência” à ordem de prisão expedida pelo juiz federal Sérgio Moro, que deu prazo até as 17h de hoje para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se apresentar à Polícia Federal em Curitiba. Ela dependerá das condições a serem combinadas com a PF, mas a última palavra será de Lula, que não participou da reunião na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP). A intenção é arrastar o cumprimento da determinação judicial por pelo menos uma semana.

Na reunião do Comitê popular em defesa de Lula e da democracia, as lideranças decidiram criar algumas comissões. A política, para a tomada de decisões. A de mídia, para transmitir as informações. E a de segurança do prédio e do entorno.

Também ficou decidido que haverá um ato político, ainda hoje, com a participação de Lula. Artistas serão mobilizados e ônibus, disponibilizados para o deslocamento de militantes da capital paulista para o ABC.

Por fim, está sendo elaborada uma nota pública no sentido de que Lula, agora, “é refém e não vai se entregar”. Há pouco, em outro comunicado, o comitê descreveu as últimas horas do ex-presidente. Informou que ele passou a noite no sindicato, “rodeado de antigos e novos operários do ABC”. Lula teria feito questão de “receber pessoalmente a solidariedade de milhares de pessoas” até de madrugada.

“Esse é um momento muito difícil para o país, mas muito feliz pela velocidade com que a centro-esquerda se mobilizou. A situação está se encaminhando para a permanência aqui. Mas não sabemos como vai ser o processo de busca. Vamos esperar se vai haver a decisão do ministro Marco Aurélio (do STF)”, afirmou a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que está no ABC. “Temos que nos preparar para preservar a integridade física da militância que está lá fora. Vamos nos preparar para todas as consequências, mas que elas sejam as mínimas possíveis”, completou.

Mais cedo, o senador Lindbergh Farias (RJ), que participou da reunião no Sindicato dos Metalúrgicos, disse que “serão milhares aqui” para resistir. “Viemos lutar contra essa injustiça que está sendo cometida contra o presidente Lula”, destacou. A expectativa dos militantes é de que cerca de 100 mil pessoas ocupem as imediações até o final do dia.

Lula não vai a Curitiba
No local, o ex-presidente do PT Rui Falcão já disse à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo que Lula não irá se entregar à Polícia Federal, em Curitiba, como determina a ordem de prisão expedida pelo juiz federal Sérgio Moro. O petista foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP).

Veja nota do Comitê Popular em defesa de Lula e da democracia sobre a movimentação em torno do ex-presidente em São Bernardo do Campo:

1. Lula passou a noite no sindicato, rodeado de antigos e novos operários do ABC. No berço do novo sindicalismo brasileiro o ex-presidente Lula recebeu, na noite de ontem, centenas de novos e velhos companheiros. Um gigantesco cordão humano se espremeu até as 3h da manhã abraçar o ex-presidente.

2. Lula fez questão de receber pessoalmente a solidariedade de milhares de pessoas. Às 3h dirigiu-se à janela, onde acenou aos manifestantes que não conseguiram adentrar a sede histórica. Depois dormiu no próprio sindicado. A partir das 7h, voltou a receber o apoio e solidariedade de grupos que se dirigem ao ABC.

3. Cercado de amigos, dirigentes partidários, parlamentares e militantes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sereno, ciente da sua inocência e de que é vítima de uma perseguição judicial de natureza política e sem precedentes na história do Brasil.

4. O presidente recebeu o apoio de intelectuais e artistas. Anna Muylaert lidera o time que presta solidariedade a Lula no sindicato. Junto com Muylaert estão Tata Amaral, Laís Bodanzky, Chico Cesar, Ailton Graça, Celso Frateschi, Petra Costa, Taciana Barros, Thaíde, entre muitos outros. Também ligaram para o presidente e manifestaram solidariedade Chico Buarque, Fábio Assunção e Ana Cañas.

5. Juristas trazem solidariedade a Lula. José Eduardo Cardoso e Carol Proner, rodeados por mais duas dezenas de juristas, também se concentram ao lado do presidente, onde manifestaram solidariedade e denunciaram o absurdo jurídico que se tornou a perseguição contra Lula.

6. O povo não para de chegar. As milhares de pessoas que estão diante da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, sabem muito bem o significado deste local e conhecem a história de luta que nasceu ali em meados dos anos 1970.

7. São Bernardo do Campo é o berço do projeto político que mudou a história do Brasil ao elevar – pela primeira vez em cinco séculos – o nosso povo à condição de protagonista e construtor do seu destino. A excelência desse projeto foi reconhecida mundialmente e, sobretudo, aprovada seguidamente pelo conjunto do povo brasileiro, que deu ao Partido dos Trabalhadores quatro vitórias consecutivas nas eleições presidenciais.

8. A condenação de Lula é baseada em mentiras, fraudes e distorções das normas legais. O seu pedido de prisão também viola preceitos fundamentais e viola frontalmente o direito à ampla defesa.

Comitê Popular em defesa de Lula e da Democracia

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