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Lideranças negras cobram responsabilização por morte no Carrefour

João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos foi assassinado na noite dessa quinta-feira (19/11), véspera do Dia da Consciência Negra

atualizado

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Lideranças negras repudiaram e cobraram responsabilização nesta sexta-feira (20/11) pelo assassinato de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, homem negro espancado até a morte por seguranças no Carrefour, em Porto Alegre (RS), na noite dessa quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra.

A Coalisão Negra por Direitos ingressou com representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o Carrefour por prática de racismo e para estabelecimento de medidas para empresas privadas que prestam serviço de segurança. E outra representação contra o Carrefour no Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS).

“Uma organização global de varejo não pode de forma alguma terceirizar mais uma vez a responsabilidade. Isso não pode ser deixado passado em branco”, disse Wania Sant’anna, da Coalisão Negra por Direitos, ao Metrópoles, lamentando a morte de João Alberto. “Dia de hoje, de reflexão, esse nosso irmão se foi.”

“Não queremos repúdio, queremos justiça. Ações Jurídicas: 1) para seguranças, investigar por homicídio com concurso com crime de racismo; 2) para quem assistiu e nada fez, crime de omissão de socorro; 3) pra família, indenização vitalícia; 4) investigação trabalhista completa”, escreveu o professor Thiago Amparo.

A ativista Anielle Franco, presidente do Instituto Marielle Franco e irmã da vereadora assassinada em 2018, lamentou a morte. “Um crime como esse gera dor e indignação em muita gente. Mas de primeira só me vem essa família que fica totalmente despedaçada. Pra eles a dor é imensurável. Quantos Betos ainda iremos perder para esse racismo escancarado que nos mata todo dia?”.

O presidente da Central Única das Favelas (Cufa) Global, Preto Zezé, comparou João a George Floyd — homem negro morto nos Estados Unidos que desencadeou o movimento Black Lives Matter.

“João é mais um George Floyd que se vai pelas mãos do racismo à brasileira. Indiferença, silêncio das autoridades, invisibilidade nos grandes meios de comunicação. Pra muitos apenas um número, para nós, um pedaço da gente que é arrancado. Mas não haverá recuo. Pra cima!”, escreveu.

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Ele foi espancado até a morte em uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre
Um vídeo mostra as agressões
Ele morreu ainda no local
João Alberto
Cenas do espancamento de João Beto
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João Beto caído no chão após as agressões

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Ele foi espancado até a morte em uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre

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Um vídeo mostra as agressões

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Ele morreu ainda no local

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João Alberto

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Cenas do espancamento de João Beto

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Cenas do espancamento de João Beto

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Cenas do espancamento de João Beto

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Cenas do espancamento de João Beto

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Um desentendimento com funcionários do Carrefour teria motivado as agressões sofridas por João Alberto. Dois seguranças foram presos em flagrante

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A vítima foi atacada com vários socos e golpes, registrados em vídeos por pessoas que assistiam à cena de terror

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Cenas do espancamento de João Beto

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João Alberto foi morto no dia 19/11, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, ao ser espancado por dois seguranças de uma das filiais da rede Carrefour

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Dezenas de pessoas – entre amigos, familiares e militantes de movimentos negros – acompanharam o velório e o sepultamento de João Alberto Silveira Freitas

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Ele foi enterrado na manhã de 21/11, no Cemitério Municipal São João, zona norte de Porto Alegre

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“Isso aqui nunca será uma nação enquanto negar a maioria da sua população o direito à vida e a dignidade. Brasil é um amontoado de mágoas, desigualdades e injustiças, regados de racismo por todos os lados”, acrescentou Preto Zezé.

Presidida pelo professor Silvio Almeida, o Instituto Luiz Gama — ONG que tem por objetivo lutar contra o preconceito e pela defesa dos direitos e garantias fundamentais dos negros e das minorias no país — emitiu nota em repúdio, lamentando e cobrando respeito para a população negra.

“Hoje, 20 de novembro de 2020, dia dedicado à reflexão da temática sob o ponto de vista de construirmos soluções, estamos mais uma vez debruçados sobre um fato aterrorizante e corriqueiro. Não vamos sair desse ciclo vicioso enquanto não ocorrerem na sociedade mudanças profundas e concretas para dar fim a esse cenário de desigualdade racial”, diz a nota. “Por isso, nesse dia triste, que lamentamos indignados a morte de mais um negro, deixamos um questionamento para uma reflexão em busca de respostas: o que você tem feito para combater o racismo?”

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