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Líder na média de mortes por Covid, América do Sul só imunizou 16,75%

Continente lidera em número de vítimas da doença, mas está em 3º no total de imunizados contra a Covid-19, considerando toda a população

atualizado

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Gustavo Alcântara / Especial Metrópoles
Vacinação de pessoas em situação de rua no DF
1 de 1 Vacinação de pessoas em situação de rua no DF - Foto: Gustavo Alcântara / Especial Metrópoles

Atual epicentro da pandemia provocada pelo novo coronavírus, a América Latina tem a maior média móvel de mortes por milhão de habitantes em todo o mundo. Neste momento, cerca de 5,6 mil pessoas morrem a cada dia nos países sul-americanos, que sofrem para vacinar toda a população: apenas 16,75% dos habitantes estão completamente imunizados contra a Covid-19.

Os dados foram levantados pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, com base nas estatísticas disponibilizadas pelo Our World in Data, apoiado pela Universidade de Oxford. O cálculo de mortes e de vacinas aplicadas foi proporcional à população de cada continente.

Não há divisão por idades, o que impede que seja feita uma análise com dados limitados à população adulta (muitos países, como o Brasil, ainda não incluíram vacinação para menores de 18 anos em seus planos nacionais).

A Colômbia registra o recorde proporcional de mortes por Covid-19 entre as nações latino-americanas. O país enfrenta uma terceira onda da pandemia, em meio a manifestações sociais contra o governo e à desigualdade que assola o país. Com uma população de 50 milhões de habitantes, o vizinho brasileiro registrava, na segunda-feira (19/7), média móvel de 9,6 mil mortes a cada milhão de habitantes.

O Brasil, na mesma proporção, ocupa atualmente o 5º lugar nessa lista, com 5,7 mil mortes por milhão. O país registra declínio nos óbitos desde o dia 27 de junho.

Desde fevereiro deste ano, a explosão na quantidade de mortes por Covid-19 na América do Sul ganhou outra dimensão, e chamou a atenção da Organização Pan–Americana da Saúde (Opas). Em abril, a diretora-geral da entidade, Carissa Etienne, afirmou que “em nenhum lugar as infecções são tão preocupantes quanto na América do Sul, onde os casos estão aumentando em quase todos os países”.

Etienne também explicou sobre como as questões da pandemia aprofundam a desigualdade nos países: “Embora muitos de nós tenhamos tido a sorte de continuar trabalhando durante a pandemia no conforto e na segurança de nossas casas, metade de nossa força de trabalho depende da economia informal – e ficar em casa significaria abrir mão de seus meios de subsistência”.

Um dos indicadores que demonstram essa desigualdade é a de vacinação da população contra a Covid-19. O número de pessoas totalmente imunizadas no bloco de países ainda é muito baixo: apenas 16,75%. A América do Norte e a Europa apresentam uma porcentagem maior de proteção completa da população: 35,87% e 35,17%, respectivamente.

Após atingirem o pior momento da crise, em janeiro deste ano, os EUA viram o número de mortes cair vertiginosamente já em meados de fevereiro. O país, responsável pela maior parcela de óbitos provocados pelo vírus em todo o mundo (609 mil até agora) viu uma queda no número graças aos incentivos para a imunização. A região, que era então líder no ranking, tem o indicador de média de mortes em queda desde então.

Na esteira do problema, a vacinação no Brasil reflete nesse número. O país representa 49% de toda a população de 430 milhões de habitantes do continente. Atualmente, 16,7% de toda a população brasileira está com o ciclo vacinal completo, segundo dados do consórcio de imprensa*.

O público-alvo do Plano Nacional de Imunização (PNI) neste momento (acima de 18 anos) inclui 158 milhões de brasileiros. Ao contrário de outros países, como Estados Unidos e Israel, ainda não há vacinação para menores de idade adotada como política federal. Entre as pessoas vacinadas até o momento, 34.357.342 tomaram duas doses, o que representa 22% da meta.

No Brasil, a imunização para menores de 18 anos com comorbidades ainda não está incluída no PNI, mas foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e já está sendo adotada por alguns estados.

Nesta quinta-feira (22/7), a capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, começará a vacinar jovens de 15 a 17 anos, medida que veio após o governo estadual incluir adolescentes com comorbidades no plano local de vacinação. A vacina autorizada para aplicação nesse grupo é a Pfizer, única aprovada pela Anvisa para essa faixa etária.

Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) também incluiu o grupo no plano de vacinação estadual, e prometeu começar as imunizações em 23 de agosto.

Segundo dados do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais, quando o Brasil alcançar 100 milhões de doses aplicadas, o número representará 63,2% da população elegível (acima de 18 anos) vacinada em território nacional.

Para Werciley Júnior, infectologista e chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Lúcia, a imunização dos brasileiros encontra problemas recorrentes no estoque de vacinas disponíveis.

“Mesmo com duas fábricas de vacinas no Brasil, nós tivemos problemas de entrega de materiais para a produção (IFA). Além disso, apenas há pouco tempo tivemos a oportunidade de vacinar com os imunizantes da Pfizer e a Janssen. A expectativa era que até o segundo semestre, a maior parte da população já estivesse imunizada. Mas precisamos que o governo garanta vacinas e que elas sejam aplicadas assim que cheguem”, explicou o especialista.

* O consórcio de imprensa é composto pelos veículos G1, O Globo, Extra, Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL

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