Líder holandês defende paz na guerra “sem concessões”; Lula fala em “meio termo”
O presidente Lula recebeu, nesta terça em Brasília, o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, que faz uma viagem de três dias ao Brasil
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discutiu, nesta terça-feira (9/5), com o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, que está fazendo uma visita oficial de três dias ao Brasil, caminhos para acabar com a Guerra da Ucrânia, que foi invadida pela Rússia há mais de um ano. O líder holandês argumentou pela causa ucraniana e disse que a paz precisa vir “sem concessões” que afetem o território ou a soberania do país atacado. O brasileiro condenou a invasão, mas defendeu uma paz negociada e citou que o Brasil quer ajudar os envolvidos a encontrar um “meio termo” entre seus objetivos.
As posições de Lula sobre a guerra têm repercutido no mundo. Tentando ajudar a buscar uma solução para o conflito, o presidente brasileiro tem falado muito no assunto e, no momento, faz uma espécie de correção de rumo em suas declarações. Após ter sido criticado mundo afora por ter dito, nos Emirados Árabes, em abril, que “a decisão da guerra foi tomada por dois países”, o brasileiro tem insistido em condenar a invasão do território ucraniano pelos russos e em dizer que, para além dessa condenação, é preciso avançar no diálogo e buscar efetivamente a paz.
“Cada país tem sua razão”, disse Lula, nesta terça, em declaração conjunta com o líder holandês após reunião bilateral entre os dois no Palácio do Planalto. “A Ucrânia efetivamente não pode aceitar ocupação de seu território, tem que resistir. A União Europeia tem sua razão na solução que tomou [ficar ao lado da Ucrânia e contra a Rússia] e Brasil e outros países têm sua razão de querer encontrar um meio termo. Eu acho que é possível. Se acreditasse que é impossível, não estaria metido nisso até os dentes”, disse Lula.
Já Mark Rutte agradeceu ao brasileiro pela conversa e disse, em seu discurso, que é preciso acabar com a guerra “o mais rápido possível”, mas “sem concessões que afetem a soberania territorial da Ucrânia” e ainda prometeu o suporte dos Países Baixos para os ucranianos “pelo tempo que for necessário”.
“Nossa paz estará potencialmente em risco se a Rússia tiver sucesso em seus objetivos na Ucrânia”, disse o primeiro-ministro holandês.
Ainda que não concordem totalmente com os caminhos para a paz, os dois líderes valorizaram o diálogo e se mostraram confiantes em encontrar uma solução para o conflito na Ucrânia. “Acho fundamental que a própria Ucrânia seja ouvida, mas é importante que países grandes, como o Brasil, se envolvam em buscar soluções”, disse Mark Rutte.
“Eu disse ao primeiro-ministro que Brasil está fazendo um esforço muito grande para tentar construir grupo de países e tentar chegar à paz. Acho que é hora de diplomacia, não é hora de guerra. O Brasil condenou a ocupação territorial da Ucrânia, mas a continuidade da guerra só vai levar à morte e precisamos encontrar alguém que esteja disposto a buscar a paz”, respondeu Lula, que disse ainda que esse será o principal assunto em encontros multilaterais como G7 e G20.
Visita ao Brasil
O visitante já esteve em São Paulo, acompanhado de uma comitiva de empresários, e ainda vai a Fortaleza (CE) para um evento no terminal portuário de Pecém, que tem parceria com o Porto de Roterdã, na Holanda.
Em São Paulo, Rutte disse a jornalistas que pretendia trazer o assunto da Guerra da Ucrânia para a conversa com Lula e argumentar ao líder brasileiro que é preciso apoiar os ucranianos no conflito.
Após o encontro bilateral no Palácio do Planalto, o governo brasileiro oferecerá um jantar ao líder holandês no Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.