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Líder da gestão Doria é favorito para comando da Alesp com apoio do PT

Eleição para Mesa Diretora da Alesp é inimiga das surpresas, e deputados dão como certo acordo entre PT, PSDB e DEM por Carlão Pignatari

atualizado

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Carlão Pignatari defende medidas de ajuste fiscal em outubro de 2020
1 de 1 Carlão Pignatari defende medidas de ajuste fiscal em outubro de 2020 - Foto: Divulgação/Alesp

São Paulo – Nos corredores da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e nos grupos de WhatsApp dos parlamentares, Carlão Pignatari (PSDB) é dado como o favorito para assumir a presidência da Mesa Diretora da Casa na próxima segunda-feira (15/3).

Pignatari é o atual líder do governo de João Doria (PSDB) na Assembleia, e se destacou em 2020 ao ser relator do projeto de orçamento de 2021 do governo paulista.

Ele também defendeu medidas de ajuste fiscal polêmicas, como a que aplicaria a Desvinculação de Receitas de Estados e Municípios (Drem) afetando recursos da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Deputados ouvidos pelo Metrópoles dão como certo também que, mais uma vez, um deputado do Partido dos Trabalhadores (PT) ocupará o cargo de 1º secretário da Casa. Um dos nomes mais citados é o do deputado Teonilio Barba (PT).

O arranjo da composição seria selado com o apoio do DEM, que ficaria com a 2ª Secretaria, em uma composição que já é considerada tradicional.

Hoje, o presidente da Alesp é o deputado Cauê Macris (PSDB), o 1º secretário é Enio Tatto (PT), irmão de Jilmar Tatto, e o 2º secretário é Milton Leite Filho (DEM), que, como o nome indica, é filho do presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, Milton Leite.

A dobradinha PSDB (9 deputados) e PT (10) na Alesp já dura mais de uma década. O PT defende a composição afirmando que é legítimo que as maiores bancadas da Assembleia sejam representadas na Mesa Diretora.

Como segunda maior bancada, os petistas vêm dominando a 1ª Secretaria desde 1996, quando Mário Covas deu início ao tucanato no estado de São Paulo.

No entanto, essa lógica é atropelada pelo fato de que, atualmente, a maior bancada da Alesp é a do PSL (12 parlamentares) e o partido não tem representante na Mesa, tendo que contar com ajuda dos aliados Coronel Telhada (PP) e Gilmaci Santos (Republicanos).

Procurados pelo Metrópoles, Teonilio Barba não se manifestou, e a bancada do DEM diz que vai se posicionar em plenário na segunda-feira.

A assessoria do deputado Carão Pignatari informa que “oficialmente não existe um registro de candidatura ao cargo de presidente, mas que ele tem interesse em pleitear”.

Candidaturas independentes

Correndo como independentes, PSol, Novo e deputados bolsonaristas não fazem cerimônia e já lançaram seus candidatos como oposição, com direito a uma tímida campanha, porque reconhecem que a disputa é perdida.

O domínio tucano na Alesp faz o governo João Doria ter maioria folgada para aprovar projetos e para negociar posições.

Sergio Victor (Novo) diz que se candidatará ao cargo de presidente da Casa como forma de ressaltar a posição do seu partido na política estadual paulista, representando seus eleitores liberais e engajados.

“É uma maneira de marcar de forma transparente a posição do Novo nesse cenário. Os espaços para proposição de ideias na Alesp são escassos, e se lançar na eleição da Mesa é uma maneira de aproveitar esse momento para defender mais transparência e responsabilidade fiscal”, declarou Victor.

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Carlão Pignatari (primeiro à direita) em reunião com Doria e aliados no Palácio dos Bandeirantes em 2019
Teonílio Barba (primeiro à esquerda) e Carlão Pignatari (segundo à esquerda), favoritos para comandar Alesp, conversam com Campos Machado e Tenente Nascimento em fevereiro de 2021
Teonílio Barba (PT-SP), deputado estadual
Mesa Diretora anterior da Alesp: Enio Tatto (PT), Cauê Macris (PSDB)e Milton Leite Filho (DEM)
Sergio Victor (Novo) representou os "liberais puro sangue" na disputa da Mesa Diretora
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Carlão Pignatari defendeu medidas de austeridade fiscal em 2020

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Carlão Pignatari (primeiro à direita) em reunião com Doria e aliados no Palácio dos Bandeirantes em 2019

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Teonílio Barba (primeiro à esquerda) e Carlão Pignatari (segundo à esquerda), favoritos para comandar Alesp, conversam com Campos Machado e Tenente Nascimento em fevereiro de 2021

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Teonílio Barba (PT-SP), deputado estadual

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Mesa Diretora anterior da Alesp: Enio Tatto (PT), Cauê Macris (PSDB)e Milton Leite Filho (DEM)

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Sergio Victor (Novo) representou os "liberais puro sangue" na disputa da Mesa Diretora

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Carlos Giannazi (PSol-SP) critica prefeito de São Paulo e diz que Nunes tem comportamento de Bolsonaro

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Major Mecca (PSL-SP)

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O PSol também usará a o espaço da eleição para se contrapor ao consórcio entre PSDB, PT e base governista e para denunciar a situação da Alesp de “puxadinho do Palácio dos Bandeirantes”.

Essa expressão, aliás, foi cunhada pelo deputado Carlos Giannazi (PSol), que será o candidato socialista à Presidência da Câmera.

“A Alesp tem de ter as suas próprias pautas e fiscalizar e apurar as denúncias de corrupção e superfaturamento de obras e compras do governo”, afirma Giannazi. Para o deputado, atualmente a Alesp é “mais um departamento do governo estadual”.

A ala bolsonarista também estará representada nas eleições da Mesa Diretora pelo Major Mecca (PSL). O militar adota o mesmo discurso dos colegas liberais e socialistas, ele acredita que a Alesp é “submetida” e até “vendida” aos interesses de João Doria.

“Nas últimas décadas, esqueceram de pautar o principal na Alesp, que é o interesse da população. Hoje a Alesp é um espaço cartorário do senhor governador”, declarou Mecca.

Mecca terá como companheiro de pleito Coronel Telhada (PP), que discursará se candidatando à 1ª Secretaria. Com o apoio de Douglas Garcia (PTB), os militares planejam a mobilização da militância bolsonarista. Entretanto o ativismo conservador nas ruas não tem surtido frutos dentro da assembleia.

Eleição sem mobilização

Para a oposição de direita e de esquerda, a inércia que mantem a composição da Alesp há tantos anos prejudica a população e depende de “uma mobilização realmente popular” para mudar o paradigma, diz o PSol.

“Os deputados não se sentem cobrados pela população para ter uma postura coerente. Infelizmente, a verdade é que os paulistas não estão nem aí para a eleição. Então vários deputados vão votar ao mesmo tempo no PSDB e no PT, e ninguém cobra os caras”, declara do Arthur do Val (Patriota), conhecido no YouTube como Mamãe Falei.

E essa fiscalização de voto não é difícil. Diferentemente das eleições na Câmara dos Deputados nacional, os votos na Casa do Povo paulista são nominais. Cada deputado precisa declarar voto no microfone.

Daniel José (Novo) destaca que o voto não secreto, no entanto, também pode colaborar para a manutenção do modelo atual da composição da Assembleia.

“Não há voto secreto e não há espaço para traição entre eles [base do governo]. Aqui em São Paulo a eleição talvez nem seja uma eleição, mas um grande acordo que vem sendo trabalhado há meses”, declara José, que vai além e diz que gostaria de encontrar alguém que apostasse, a dinheiro, algum resultado diferente do esperado.

“Não tem erro. Eu aposto qualquer quantia que o Carlão vai ser presidente. Tem que cair um raio três vezes no mesmo lugar ou acontecer algo paranormal para abalar esse resultado”, afirma Daniel José.

Processo de eleição

Na segunda-feira, além dos cargos de presidente e de 1º secretário, os deputados estaduais também elegerão quatro vice-presidentes e mais dois secretários. Os eleitos comandarão a pauta da câmara pelos próximos dois anos.

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo é composta por 94 deputados, sendo as maiores bancadas as do PSL (12 deputados), PT (10), PSDB (9), PL (9) e DEM (7).

A base governista hoje tem 62 aliados, e, para que um nome seja eleito à Mesa Diretora, o candidato deve conquistar no mínimo 48 votos.

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