metropoles.com

“Legalização é solução para o tráfico”, diz Nem da Rocinha ao El País

Em entrevista, o traficante falou sobre intervenção militar e política. O detento ressaltou que, se pudesse, votaria em Lula

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução
nem-600×450
1 de 1 nem-600×450 - Foto: Reprodução

Antônio Bonfim Lopes, 41 anos, conhecido como Nem da Rocinha, assumiu o comando do tráfico na maior comunidade do Rio de Janeiro em 2004, após a morte do então chefe do morro Luciano Barbosa da Silva, o Lulu. O traficante cumpre pena na penitenciária de segurança máxima de Porto Velho (RO). Ele foi condenado a 96 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Em entrevista exclusiva, concedida ao jornal El País, Nem afirmou que “para acabar com o tráfico, é preciso legalizar as drogas”.

O detento ressalta na entrevista que apenas com a legalização o poder do traficante irá acabar. Mas afirma que “não adianta” apenas legalizar, é preciso falar sobre isso nas escolas, explicar desde cedo o que é a droga e seus efeitos. Ele, porém, adverte: dizer apenas “droga é ruim, não use” não resolve, porque o jovem “tem curiosidade” sobre o assunto. Para Nem, o Estado pode lucrar com a venda ou cobrança de impostos de um comércio legal.

Sobre a intervenção federal na Segurança Pública do Rio, Nem afirma: “não vai dar em nada”. Ele destaca que os políticos sabem como resolver o problema da violência, mas “sabem que não serão reeleitos”. Complementa ainda que acabar com a violência exige investimento em educação e políticas sociais que não têm retorno na urna em curto prazo.

O traficante também se posicionou sobre a proximidade do período eleitoral. Sem votar há mais de uma década, segundo revelou ao El País, Nem disse que, se pudesse, daria seu voto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância a pena de 12 anos e 1 mês de prisão e na eminência de a Justiça determinar a execução da sentença. Para Nem, o ex-presidente fez “muito” por quem mais precisava. Segundo contou, pessoas que trabalhavam para ele pediam para sair do tráfico e ir atuar nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Durante a entrevista, não poupou críticas ao atual presidente da República Michel Temer (MDB), a quem considera “golpista” e questiona a quantidade de “dinheiro que rolou” para, conforme disse, “comprar o apoio dos deputados e senadores que apoiaram o impeachment [de Dilma Rousseff]”.

Culpa
Em relação aos crimes cometidos, o ex-traficante deixa claro na entrevista ao El País que não se arrepende. E questiona: “que pai não faria o que eu fiz para salvar a própria filha?”. Em 1999, Nem deixou o emprego de supervisor de equipes da empresa de TV a cabo NET e entrou para o mundo do tráfico. A filha Eduarda, então com 9 meses de idade, tinha problemas de saúde.

Mesmo preso, o ex-líder da Rocinha continua aparecendo nos noticiários. Há um ano, as autoridades do Rio de Janeiro informaram que ele havia se filiado à facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC). O detento negou, e perguntou como ele seria batizado pelo PCC se passa 22 horas dentro da cela, e até as conversas com o advogado são gravadas por meio de vídeo.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?