Lava Jato: preso suspeito de pagar propina a Sérgio Cabral com vinhos
Edson Menezes e a FGV são investigados em esquema que envolve a venda da folha de pagamento dos servidores do estado no governo Cabral
atualizado
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Em mais uma operação no Rio de Janeiro, a Lava Jato prendeu nesta quinta-feira (16/8) Edson Menezes, ex-superintendente do Banco Prosper. Ele é suspeito de participar de esquema que envolve a venda da folha de pagamento dos servidores do estado, durante o governo de Sérgio Cabral (MDB), em troca de propina.
Edson Menezes foi preso nas primeiras horas do dia. Os investigadores chegaram a ele a partir de delação premiada de Carlos Miranda, operador de Cabral. De acordo com o depoimento dele, o banqueiro teria prometido pagar R$ 6 milhões em propina: metade em dinheiro e outra parte em vinho.
A folha de pagamento foi vendida em leilão, em 2011, com consultoria da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que, por sua vez, subcontratou o Prosper. O Banco do Estado do Rio de Janeiro (Berj) venceu o leilão.
O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) fazem parte da investigação batizada de Operação Golias. Em 2006, o governo do Rio de Janeiro contratou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para elaborar consultoria independente para fixar o preço mínimo da alienação das ações do Berj. Ao mesmo tempo, a FGV Projetos foi contratada para realizar os estudos de precificação da folha de pagamento dos funcionários do Estado.
O edital de leilão do banco, lançado em 2010, previu o pagamento de 3% sobre o valor total alcançado na venda para o pagamento da consultoria independente. Ao final do processo, em 2011, foi identificado o pagamento de R$ 3,12 milhões pela FGV ao Prosper a título de prestação de serviços.
De acordo com os procuradores da República integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, estes elementos confirmam o que foi trazido no depoimento de um dos colaboradores: que o então governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral condicionou a realização do leilão do Berj, somada à folha de pagamento dos servidores do Estado do Rio de Janeiro, à contratação do Prosper para recebimento de vantagem indevida.
Off-shores
Em contrapartida, Edson Menezes realizou pagamentos ao grupo de Sérgio Cabral tanto em espécie quanto por meio da aquisição de vinhos de mais de mil dólares no mercado internacional, paga por uma de suas off-shores, a Remo Investments Ltd SA.
Além disso, foram encontrados registros no sistema Bankdrop, revelado na Operação Câmbio, Desligo, de pelo menos cinco operações de dólar-cabo e lavagem de capitais da off-shore Remo Investments junto aos irmãos Chebar, operadores financeiros de Cabral.
As investigações também revelaram que Edson Menezes mantém relação de amizade próxima com Carlos Nuzman, denunciado na Operação Unfair Play, e que integrou o Conselho da Riopar Participações, ao lado de Marcelo Traça, Jacob Barata Filho e Lélis Teixeira, todos denunciados na Operação Ponto Final. Além da prisão preventiva de Edson Menezes, foram autorizadas buscas e apreensões em seis endereços ligados a ele.