Lava Jato: PF prende dono de banco ligado a esquema de Sérgio Cabral
Eduardo Plass, dono do TAG Bank e sócio da corretora Opus Participações, é suspeito de ter unido o ex-governador e o empresário Eike Batista
atualizado
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O banqueiro Eduardo Plass é alvo de nova fase da Operação Lava Jato nesta sexta-feira (3/8), no Rio de Janeiro. Equipes da Polícia Federal cumprem mandados contra ele, que é suspeito de participar de esquema de corrupção envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral e o empresário Eike Batista, e mais duas pessoas.
Segundo o MPF, o esquema consistia no recebimento de dinheiro em espécie por diretores de uma joalheria em Ipanema, no Rio de Janeiro, e na transferência de valores para empresas off-shore de fachada. Para dar aparência de legalidade às transações, a equipe de Eduardo Plass assinava contratos fictícios de empréstimos com os diretores da joalheria, forjados como se fossem empréstimos. Maria Ripper Kos e Priscila Moreira Iglesias – ambas sócias de Plass – também são alvos da força-tarefa.
Foram entregues no exterior US$ 24,3 milhões, o equivalente a mais de R$ 90 milhões. O MPF pediu o bloqueio desse valor a título de reparação de danos e quantia equivalente para danos morais, totalizando R$ 181 milhões.
O banqueiro entrou na mira da PF e do Ministério Público Federal (MPF) durante desdobramento da Operação Calicute, em 2016. Plass também é sócio da corretora Opus Participações. Ele mora em Londres, mas estava de passagem pelo Rio de Janeiro.
Operação Eficiência
Deflagrada em 2017, a Operação Eficiência, desdobramento da Calicute, descobriu que o empresário Eike Batista pagou propina de US$ 16,5 milhões a Sérgio Cabral (PMDB) por meio da conta Golden Rock no TAG Bank, no Panamá.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal, a propina milionária foi solicitada por Cabral em 2010.
Para dar aparência de legalidade à operação, foi realizado em 2011 um contrato de fachada entre a empresa Centennial Asset Mining Fuind Llc, holding de Batista, e a empresa Arcadia Associados, por uma falsa intermediação na compra e venda de uma mina de ouro. A Arcadia recebeu os valores ilícitos numa conta no Uruguai em nome de terceiros, mas à disposição do peemedebista.
Da operação de repasse de US$ 16,5 milhões via conta no Panamá teria participado Flávio Godinho, vice presidente de futebol do Flamengo e do Grupo EBX, também alvo de mandado de prisão na Eficiência.
Na Operação Eficiência os investigadores apontam envolvimento de Eike e Cabral em lavagem de US$ 100 milhões no exterior. A maior parte desse dinheiro — R$ 270 milhões — já foi repatriada, segundo os procuradores da República que investigam Eike e Cabral.
Força-tarefa
Com a Operação Eficiência, a Força-Tarefa Lava Jato no Rio de Janeiro aprofunda a apuração de um esquema usado por Cabral e pelos demais investigados para ocultar mais de US$ 100 milhões (acima de R$ 340 milhões) remetidos ao exterior.
A investigação, concentrada nos crimes de corrupção (ativa e passiva), lavagem e evasão dos recursos, tem avançado com base em quebras de sigilo (bancário, fiscal, telefônico e telemático) e em acordos de colaboração premiada.
Segundo os procuradores, a organização criminosa movimentou, em dez meses – agosto de 2014 a junho de 2015 –, R$ 39,7 milhões, ou cerca de R$ 4 milhões por mês.
Eike Batista, Godinho e Cabral também são suspeitos de terem cometido atos de obstrução da investigação, pois numa busca e apreensão em endereço vinculado ao empresário em 2015 foram apreendidos extratos comprovando a transferência dos valores ilícitos da conta Golden Rock para a empresa Arcadia. Na ocasião, os três investigados, segundo o MPF, “orientaram os donos da Arcadia a manterem perante as autoridades a versão de que o contrato de intermediação seria verdadeiro”.