Lava Jato: MPF denuncia ex-presidente do BB e Petrobras por corrupção
Aldemir Bendine é acusado de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht e exigir mais R$ 17 milhões enquanto dirigia a petrolífera
atualizado
Compartilhar notícia
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine. Também são acusados os empresários Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, os operadores André Gustavo e Antonio Carlos Vieira da Silva e o doleiro Álvaro Novis. Os crimes atribuídos ao grupo são corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A força-tarefa da Operação Lava Jato encontrou e-mails que indicam que Bendine tentou favorecer o Grupo Odebrecht dentro da estatal petrolífera, após acerto de propina de R$ 17 milhões. O material faz parte da denúncia criminal contra ele, apresentada nesta terça-feira (23/8).
O procurador da República Athayde Ribeiro Costa afirmou que Bendine tentou internamente na Petrobras liberar negócios para o Estaleiro Enseada Paraguaçu, do Grupo Odebrecht.“Em contrapartida às negociações e promessa de pagamento da vantagem indevida, que ao final foi paga por Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, o denunciado Aldemir Bendine, em atendimento ao ‘quid pro quo’ (tomar uma coisa por outra), deu início a movimentações internas na Petrobras com intuito de favorecer o grupo empresarial Odebrecht”, sustenta a denúncia.
Bendine tentou interceder em favor da Odebrecht junto ao Departamento Jurídico da estatal petrolífera. O executivo pretendia que a empreiteira fosse desbloqueada de novas contratações da companhia. O ex-dirigente, no entanto, foi alertado pelo setor sobre “os riscos” do alívio à Odebrecht.
Segundo o procurador, Bendine se reuniu com o empresário Marcelo Odebrecht em 18 de maio de 2015, “ocasião em que ajustaram pagamento da propina”. O procurador citou o operador de propinas André Gustavo Vieira da Silva.
“O e-mail é de 21 de maio de 2015, poucos dias após reunião na casa de André Gustavo entre Bendine e Marcelo Odebrecht. O e-mail revela que Bendine, em razão de todo o ajuste, fez um movimento arriscado porque o Departamento Jurídico o alertou sobre a ação cautelar. Com o avanço da Lava Jato demonstrou-se muito arriscada essa atuação de Bendine, motivo pelo qual ele recuou nesses atos de ofício. O Jurídico o alertou dos riscos que a operação trazia”, disse.
Denúncia
Bendine é acusado de exigir R$ 17 milhões em propinas da Odebrecht. Segundo a investigação, ele acabou recebendo R$ 3 milhões em três parcelas de R$ 1 milhão entre junho e julho de 2015 enquanto presidia a Petrobras. Em troca teria agido em defesa dos interesses da empreiteira.
O ex-dirigente foi preso em 27 de julho na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato.
O executivo esteve à frente do Banco do Brasil de 17 de abril de 2009 a 6 de fevereiro de 2015 e presidiu a Petrobras de 6 de fevereiro de 2015 a 30 de maio de 2016.
A investigação da Cobra apontou que, na véspera de assumir a presidência da Petrobras, Bendine e um de seus operadores financeiros novamente solicitaram propina a Marcelo Odebrecht e Fernando Reis. O pedido teria ocorrido para que o grupo empresarial Odebrecht não fosse prejudicado na estatal, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato.