Lava Jato: juíza bloqueia até R$ 6 mi de doleiros e gerentes do BB
Funcionários vinculados do Banco do Brasil teriam recebido vantagens indevidas para burlar mecanismos de prevenção de lavagem de dinheiro
atualizado
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Além de acolher o pedido do Ministério Público Federal para deflagrar a Operação “Alerta Mínimo”, fase 66 da Lava Jato, na manhã desta sexta-feira (27/09/2019), contra doleiros e gerentes do Banco do Brasil supostamente envolvidos em esquema que lavou cerca de R$ 200 milhões, a juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal em Curitiba, determinou o bloqueio de até R$ 6.187.099,78 das contas dos investigados. O congelamento alcança as contas de um ex-funcionário do BB, dois gerentes do banco, dois doleiros e duas empresas.
Acuada pelo julgamento do Supremo que pode anular pelo menos 32 sentenças e beneficiar 143 condenados, a força-tarefa voltou às ruas nesta sexta para apurar a atuação dos investigados em um esquema que gerava dinheiro para empresas que tinham contratos com a Petrobras e precisavam de dinheiro em espécie para pagar propinas a agentes públicos.
O esquema de produção de dinheiro envolvia trocas de cheques obtidos junto ao comércio da grande São Paulo e a abertura de contas sem documentação necessária ou com falsificação de assinaturas em nome de empresas de fachada do ramo imobiliário, indicou a PF.
Segundo o Ministério Público Federal, três gerentes e um ex-gerente do BB teriam facilitado “centenas de operações de lavagem de dinheiro entre os anos de 2011 e 2014”.
Os funcionários vinculados a três agências do Banco do Brasil, localizadas em São Paulo, receberam vantagens indevidas para burlar os mecanismos de prevenção de lavagem de dinheiro da instituição, afirma a Procuradoria.
A PF anotou ainda que um doleiro investigado teria produzido pelo menos R$ 110 milhões, em espécie, para viabilizar as vantagens indevidas.
O bloqueio determinado por Gabriela atinge as contas desse doleiro. Trata-se do maior valor a ser congelado entre os investigados – mais de R$ 3 milhões.
Veja os valores definidos pela juíza para congelamento:
Alexandre de Melo Canizella – gerente do BB – até o limite de R$ 152.289,86;
Alexandre Goebel – gerente do BB – até o limite de R$ 152.289,86;
Silvio de Almeida e Souza – apontado pela PF como o doleiro que gerou R$ 110 milhões para pagamento de propinas – até o limite de R$ 3.045.797,34;
José Augusto Aparecido Eiras – ex gerente do BB – até o limite de R$ 914.619,02;
Karppa Moveis e Decorações – até o limite de R$ 914.619,02;
Briza Viagens e Turismo – empresa recém constituída por Eiras – até o limite de R$ 914.619,02;
Carlos Arturo Mallorquin Júnior – o doleiro “Arturito” – até o limite de R$ 92.865,66:
Outro lado: os investigados
A reportagem tenta contato com os investigados. O espaço está aberto para manifestação.
Outro lado: o BB
“O Banco do Brasil informa que vem colaborando com as autoridades na operação Alerta Mínimo, já tendo iniciado processos administrativos que podem resultar na demissão dos funcionários envolvidos.”