Lava Jato investiga propina de R$ 200 milhões a nomes ligados ao MDB
São cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 17 de busca e apreensão no Rio, Espírito Santo e SP
atualizado
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Policiais federais cumprem, nesta terça-feira (8/5), quatro mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 17 de busca e apreensão em mais uma fase, a 51ª, da Lava Jato. Os alvos das ordens judiciais estão localizados no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e em São Paulo.
A operação foi batizada de Deja Vú e realizada por ordem do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR). Foram apurados crimes contra sistema financeiro, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, teriam sido desviados cerca de R$ 200 milhões em propina para integrantes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), entre 2010 e 2012, por meio de contrato fraudulento firmado pela Petrobras e a construtora Norberto Odebrecht.
De acordo com a PF, o esquema aponta repetição de um modus operandi amplamente revelado pela Operação Lava Jato: a obtenção de contratos por parte de grupo empresarial junto à Petrobras, em valores superfaturados, mediante o pagamento de vantagens indevidas a executivos e gerentes da empresa petrolífera.
O principal mecanismo utilizado para o pagamento da propina seria via repasses no exterior para empresas off-shore, bem como a movimentação de recursos em espécie no país com a intervenção de operadores financeiros conhecidos. Os presos serão conduzidos para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde permanecerão à disposição da Justiça.
Entre os presos, estão Aloísio Teles Ferreira Filho, Ângelo Tadeu Lauria, Mario Ildeu de Miranda, Rodrigo Zambrotti Pinaud, Sérgio Boccaletie e Ulisses Sobral Calile.
O esquema
De acordo com os investigadores, o contrato previa a prestação de serviços de “reabilitação, construção e montagem, diagnóstico e remediação ambiental, elaboração de estudo, diagnóstico e levantamentos nas áreas de segurança, meio ambiente e saúde (SMS) para a estatal, em nove países, além do Brasil”.
“Em decorrência desse favorecimento ilícito, no contexto de promessa e efetivo pagamento de vantagem indevida, os elementos probatórios indicam dois núcleos de recebimento: funcionários da estatal e agentes que se apresentavam como intermediários de políticos vinculados ao então PMDB”, informou o MPF em nota.
Os pagamentos teriam sido feitos mediante o uso de “estratégias de ocultação e dissimulação, contando com a atuação do chamado Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, de operadores financeiros e doleiros, especialistas na lavagem de dinheiro”, afirmou o MPF.
Há também provas de repasses de cerca de US$ 25 milhões feitos a ex-funcionários da Petrobras, “transferidos a bancos estrangeiros de modo escalonado, em diferentes contas no exterior, objetivando dificultar o rastreamento de sua origem e natureza ilícitas”.
Segundo o MPF, cerca de US$ 31 milhões tiveram como destino pessoas que se diziam intermediárias de políticos vinculadas ao MDB. Neste caso, o pagamento foi feito por meio de contas mantidas por operadores financeiros no exterior, “que se encarregavam de disponibilizar o valor equivalente em moeda nacional, em espécie e no Brasil, ao encarregado pelo recebimento e distribuição do dinheiro aos agentes políticos”.
Confira a lista dos mandados:
RIO DE JANEIRO/RJ
3 mandados de busca e apreensão
1 mandado de prisão preventiva
1 mandado de prisão temporária
PARATI/RJ
2 mandados de busca e apreensão
1 mandado de prisão preventiva
NITERÓI/RJ
2 mandados de busca e apreensão
1 mandado de prisão preventiva
MIGUEL PEREIRA/RJ
1 mandado de busca e apreensão
1 mandado de prisão preventiva
JACUECANGA/RJ
1 mandado de busca e apreensão
PETRÓPOLIS/RJ
1 mandado de busca e apreensão
DUQUE DE CAXIAS/RJ
4 mandados de busca e apreensão
AREAL/RJ
1 mandado de busca e apreensão
VITÓRIA/ES
1 mandado de busca e apreensão
GUARATINGUETÁ/SP
1 mandado de busca e apreensão
1 mandado de prisão temporária