metropoles.com

Lava Jato chega desmantelada aos 10 anos, mas moldou política recente

Operação Lava Jato foi manchete ao levar políticos e empresários para a cadeia, mas acabou perdendo força diante de críticas a seus métodos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Fabio Vieira/FotoRua/NurPhoto via Getty Images
Ato em apoio à Lava Jato em 2019
1 de 1 Ato em apoio à Lava Jato em 2019 - Foto: Fabio Vieira/FotoRua/NurPhoto via Getty Images

A investigação contra a corrupção mais célebre da história brasileira completa 10 anos neste domingo (17/3). A Operação Lava Jato, que virou filme, série de TV e estampou incontáveis manchetes na imprensa, revelou esquemas bilionários de propina em empresas como a Petrobras, levou para a cadeia alguns dos maiores empresários do país, além de políticos, incluindo um ex-presidente da República.

Após anos de crédito positivo com a maior parte da sociedade, porém, a Lava Jato começou a ser questionada e criticada por seus métodos, o que levou seus ícones para a política numa tentativa de defendê-la. O desmantelamento da operação foi tão intenso que ajudou a reconstruir a carreira política de seu maior alvo, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, reconduzido pela maioria dos eleitores, em 2022, a um inédito terceiro mandato na presidência do Brasil.

9 imagens
Outdoor em apoio à Lava Jato em 2021
Moro aceitou ser ministro e depois deixou o governo com críticas a Bolsonaro, mas esteve ao lado do ex-presidente durante a campanha de 2022. O alinhamento de Moro com o opositor de Lula reforçou a acusação de parcialidade do ex-juiz federal
Deltan Dallagnol em ato bolsonarista na Avenida Paulista, em São Paulo (SP)
Manifestação pelo "Lula Livre"
1 de 9

Manifestante protesta contra a prisão de Lula pela Lava Jato

Igo Estrela/Metrópoles
2 de 9

Outdoor em apoio à Lava Jato em 2021

Reprodução
3 de 9

Moro aceitou ser ministro e depois deixou o governo com críticas a Bolsonaro, mas esteve ao lado do ex-presidente durante a campanha de 2022. O alinhamento de Moro com o opositor de Lula reforçou a acusação de parcialidade do ex-juiz federal

Fábio Vieira/Metrópoles
4 de 9

Deltan Dallagnol em ato bolsonarista na Avenida Paulista, em São Paulo (SP)

Marcelo Chello/Especial Metrópoles
5 de 9

Igo Estrela/Metrópoles
6 de 9

Manifestação pelo "Lula Livre"

Igo Estrela/Metrópoles
7 de 9

Dallagnol coordenou a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba

Andre Borges/Esp. Metrópoles
8 de 9

Sergio Moro foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro

Hugo Barreto/Metrópoles
9 de 9

Lula sobe rampa na posse acompanhado de várias pessoas, entre elas o cacique Raoni

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Nesses últimos 10 anos, a Lava Jato moldou a história da política brasileira, inspirando mudanças profundas na legislação, inflando e destruindo carreiras jurídicas e políticas, influenciando no segundo impeachment da história brasileira, o de Dilma Rousseff (PT) em 2016, e deixando um país dividido entre saudosos e críticos de tudo o que aconteceu.

Confira a história da Operação Lava Jato:

O legado da Lava Jato

Em entrevista ao Metrópoles (confira a íntegra abaixo), um dos principais personagens dessa história, o ex-procurador da República e ex-deputado federal Deltan Dallagnol (hoje no Partido Novo), avalia que o que restou da Lava Jato foi um “legado de resistência contra a impunidade e um chamado à ação para toda a sociedade” que “acordou a nossa população para o quão roubados nós somos”.

Dallagnol, que com a perda de força da operação no campo jurídico acabou tentando carreira política, afirma que ter como alvo políticos e empresários poderosos foi um “avanço sem precedentes na nossa luta contra a corrupção”. “A Lava Jato é um testamento para o Brasil e para o mundo, evidenciando que é possível enfrentar a corrupção independentemente do poder dos envolvidos”, diz.

Ao ser questionado sobre possíveis erros durante o processo investigatório, o ex-deputado admite que a Lava Jato teve “revezes” nos últimos anos, porém não cita diretamente quais são. Vale pontuar que a operação sofre até hoje com as revelações da chamada “Vaza Jato”, expostas pelo site The Intercept Brasil e por outros veículos de imprensa a partir de junho de 2019.

À época, o Intercept revelou uma série de conversas entre o então juiz Sergio Moro, Dallagnol e outros integrantes da força-tarefa da Operação no Telegram que indicaram a parcialidade de Moro ao julgar o caso — depois julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) atendendo a pedido da defesa de Lula.

Esse vazamento ajudou a criar o clima para a anulação das decisões tomadas durante a Lava Jato pelo STF, bem como na revogação da prisão de Lula.

Apesar das acusações e anulações, Dallagnol diz que, ao “olhar para trás”, tem “convicção” de que a equipe “agiu com o mais alto grau de profissionalismo e dedicação à causa da Justiça”. “A essência da nossa missão, que era trazer a luz e punir os crimes de corrupção, antes impensáveis, nunca foi abalada”, defende.

Confira a entrevista exclusiva com Deltan Dallagnol na íntegra:

A Lava Jato hoje

Após uma série de decisões do STF que anularam condenações de Lula e de outros políticos e empresários, a Lava Jato segue sofrendo derrotas na Suprema Corte neste aniversário de 10 anos. No início de 2024, o ministro Dias Toffoli, acolheu pedido da Novonor S.A (novo nome da Odebrecht) e suspendeu o pagamento de multas de R$ 8,5 bilhões impostas à empresa.

Outras companhias que fecharam acordos de leniência e confessaram crimes também têm se beneficiado das anulações motivadas por questionamentos sobre a conduta de Dallagnol e do ex-juiz Sergio Moro, hoje senador pelo Paraná.

Apesar disso, a operação conseguiu, ao longo dos anos, reparar parte dos danos aos cofres públicos.

Relatório do gabinete do ministro Edson Fachin, que foi relator da Lava Jato na Corte, revela que os acordos de colaboração premiada garantiram mais de R$ 2 bilhões recuperados por meio de pagamento de multas ou restituição de bens.

No total, foram homologados 120 acordos de colaboração, 22 pelo ministro Fachin, 21 pelo ministro Teori Zavaschi, falecido em 2017, e 77 pela ministra Cármen Lúcia, que era presidente do STF no período em que a relatoria de Fachin ainda não havia sido designada.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?