Laudos da prefeitura de SP negavam risco de desabamento em prédio
Relatório foram emitidos entre 2016 e 2017 e afirmavam que o governo federal alegou “crise financeira” para desocupar imóvel
atualizado
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Três laudos da Prefeitura do Município de São Paulo atestavam não haver risco de desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, que desmoronou após um incêndio de grandes proporções na última terça-feira (1º/5), no centro da capital paulista. Os documentos, revelados por uma reportagem da TV Globo, foram emitidos entre 2016 e 2017. Segundo os laudos, o governo federal, proprietário do imóvel, alegou “crise financeira” para não desocupar o prédio.
Segundo a reportagem, o engenheiro responsável pelas análises, Álvaro de Godoy Filho, será intimado a prestar depoimento nos próximos dias. No último relatório, de novembro de 2017, Godoy Filho teria concluído que não foram verificadas “anomalias que impliquem em risco de desabamento”.
O prédio do centro de São Paulo estava ocupado por sem-tetos desde 2009 e já havia sido alvo de uma solicitação de providências emitida pelo Ministério Público em 2016. A matéria informa que, na época, a então superintendente do Patrimônio da União, Cláudia Fellice, disse ser preciso “contratar empresas para fazer a mudança dos moradores, e para guardar os móveis”.Ela ainda teria apontado a necessidade de se contratar segurança para o local, a um custo de R$ 16mil, mas justificou que isso não seria possível: “O país atravessa uma crise financeira e a ordem é economizar e cortar despesas”, escreveu, segundo os documentos exibidos na reportagem
O atual superintendente do Patrimônio da União, Robson Tuma, teria enviado, por sua vez, um ofício ao prefeito João Doria (PSD), cobrando informações sobre a desocupação do prédio, informa a TV Globo. Na mesma correspondência, Tuma teria solicitado uma apresentação do projeto definitivo para o uso do edifício, os custos da reforma e o público a ser atendido.