Laudo sobre morte de jovem que tomou “kit aborto” é concluído
Polícia Civil aguarda perícias complementares e tenta identificar quem vendeu substância abortiva para a gestante de 20 anos
atualizado
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São Paulo – Um laudo necroscópico falhou em especificar a causa da morte da gestante Ana Carolina Pereira Pinto, de 20 anos. A análise foi concluída nessa quinta-feira (4/11). A jovem havia aplicado um “kit aborto” pouco antes de falecer, em 26 de outubro, em Votorantim, no interior de São Paulo.
Apesar do resultado inconclusivo, a Polícia Civil mantém a avaliação de que a estudante veio a óbito devido à utilização desse kit e ainda aguarda laudos complementares que podem especificar qual foi a substância que provocou a morte.
“A investigação não se resume à perícia. Todas as provas indicam que foi um caso de aborto provocado por essa substância [ainda não especificada do kit]” , explicou ao Metrópoles o delegado José Antônio Proença Martins de Melo, da Delegacia do Município de Votorantim.
Ana Carolina fez aplicações dessa substância no abdome e foi encontrada morta em seu quarto. Estava grávida de quase sete meses – o feto pesava 538 gramas, segundo a perícia.
O namorado da jovem, Kevin Willians, 22 anos, chegou a ser preso por ter auxiliado no aborto. Ele acabou liberado para responder ao processo em liberdade – foi indiciado por provocar aborto com consentimento da gestante, o que prevê pena de 1 a 4 anos de detenção.
Em depoimento à polícia, o rapaz alegou que a jovem sentiu dores no dia em que aplicou a substância abortiva. “Minha barriga parece que vai explodir”, disse a estudante. No interrogatório, Kevin alegou que estava nervoso quando a namorada cogitou solicitar auxílio de seus pais.
Os dois mantinham um relacionamento havia dois anos. Ana Carolina teria contado para ele havia um mês que estava com sintomas de gravidez, e eles decidiram fazer um teste de farmácia, que deu positivo.
O rapaz, então, a acompanhou em uma ultrassonografia. O exame informou que a gestação era de 27 semanas, de um menino. Ana Carolina teria mencionado que estava com medo de prosseguir com a gravidez e da reação da família.
A Polícia Civil ainda tenta identificar quem vendeu a substância abortiva para a moça. Os policiais aguardam o resultado de uma perícia nos celulares do casal, que poderia identificar contatos com os vendedores do “kit aborto”.
“O namorado só falou que a venda foi feita pela internet. As diligências prosseguem”, afirmou o delegado.