Laudo comprova transtorno em jovem que matou mãe de ganhador do Grammy
Segundo perícia médica, Matheus Macaúbas estava “plenamente incapaz de entender” os fatos. O jovem estava nu quando cometeu o crime
atualizado
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Goiânia – “Plenamente incapaz de entender e determinar-se”, essa foi a conclusão do laudo feito pela junta médica do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), sobre o jovem Matheus Macaubas Lima Santos, de 22 anos. Ele matou, com golpes de uma barra metálica, a pastora Odete Rosalina Machado da Costa, 79, mãe do cantor gospel e ganhador do Grammy Latino Melhor Álbum de Música Cristã em Língua Portuguesa de 2019, Delino Marçal.
O rapaz, que foi preso horas depois do crime no dia 14 de janeiro deste ano, segue detido. Ele foi encontrado a cerca de 2 km do local do crime, uma igreja evangélica no setor Eli Forte, na região sudoeste de Goiânia. Ele estava nu e desorientado.
Transtornos
Conforme a perícia médica, Matheus Macaubas Lima Santos apresenta quadro clínico compatível com Transtorno Esquizofreniforme, quando a pessoa pode sofrer temporariamente com delírios ou ter um comportamento desorganizado.
A orientação da junta médica é para que “inicialmente, que o periciando seja internado em clínica psiquiátrica para que possa receber o tratamento adequado e, posteriormente, deverá dar continuidade ao seu tratamento em regime ambulatorial ou em CAPS de sua cidade”.
Ainda de acordo com o laudo, o prazo mínimo necessário para a internação deverá ser melhor avaliado pelo médico assistente do jovem, assim como o tratamento ambulatorial.
O documento foi encaminhado ao processo que tramita na Justiça e deve ser avaliado pelo juiz, bem como pelo Ministério Público de Goiás (MPGO).
Entenda o caso
No dia 14 de janeiro deste ano, Odete e um membro da igreja, um borracheiro de 44 anos, começaram uma reunião de oração às 5h. O pequeno templo estava trancado e só os dois estavam ali dentro. Cerca de 10 minutos depois, eles foram surpreendidos por gritos.
Um homem totalmente pelado e aparentemente transtornado gritava do lado de fora pelo nome de “José”. Esse homem era Matheus Macaúbas, de 22 anos, um jovem com provável transtorno mental e dependente químico.
O borracheiro respondeu que não tinha nenhum José ali. No entanto, o jovem decidiu invadir a igreja. Ele deu um murro no portão, pulou o muro, quebrou uma grade e a porta de vidro. Já dentro do templo, ele ameaçou de morte a pastora e o membro da igreja, enquanto segurava uma haste de ferro na mão, que retirou de uma porta quebrada.
Um policial militar que chegou ao local mais tarde descreveu Matheus como um jovem com uma “força bastante descomunal”.
Cadeira de escudo
Diante do homem sem roupa, transtornado e violento, a pastora e o membro da igreja começaram a orar em voz alta para afastá-lo.
Em resposta, Matheus teria falado: “Sai pra lá crente do Satanás”, segundo um depoimento. Ao mesmo tempo, o invasor tentou golpear o borracheiro. A barra de ferro passou de raspão no rosto dele.
Começou, então, uma correria. O jovem pelado tentava acertar as vítimas com golpes e o fiel da igreja tentava se defender usando como escudo as cadeiras de plástico do templo. Os golpes quebraram todas as cadeiras.
Frágil senhora
Odete e o borracheiro conseguiram deixar o templo. No entanto, Matheus acabou alcançando a pastora, que foi assassinada com pelo menos três golpes na cabeça, de acordo com o delegado André Veloso, da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH).
O borracheiro conseguiu fugir e chamou familiares de Odete que moravam próximo da igreja. Só que já era tarde. Quando o socorro chegou, ela já estava caída na calçada em frente ao templo, com a cabeça machucada e muito sangue. A pastora ainda respirava e tentou falar algo, mas morreu ali mesmo, no colo de uma das filhas.
Em conversa com a PM, o borracheiro disse que precisou correr para pedir ajuda e salvar sua vida, pois não tinha condições de lutar contra o invasor, que tinha maior porte físico.
Odete era uma senhora frágil e não conseguia se defender diante daquela violência, segundo relato em um depoimento.
Quem é Matheus?
O suspeito de matar Odete morava a cerca de 7 km da igreja da pastora. Há dois meses, a família descobriu que ele estava usando crack e ele teve um aparente surto.
Matheus saiu correndo de sua residência apenas de cueca e foi encontrado por volta de 20 km de distância. Depois disso, ele chegou a ficar um mês internado em uma clínica psiquiátrica.
A situação parecia ter se normalizado, até que o jovem de 22 anos passou o dia fora de casa na quinta-feira (13/1). Parentes acreditam que ele estava se drogando. Ele voltou tarde para casa e dormiu, mas acordou novamente na madrugada de sexta, às 2h, tendo um novo surto.
Último surto
Esse seria o segundo surto do rapaz, segundo familiares. Matheus morava com a esposa e a enteada. Enquanto estava fora de si, ele teria tentado matar as duas, mas as facas da casa estavam escondidas.
Um tio da esposa do jovem conseguiu intervir na briga e retirou Matheus da casa, que saiu dali transtornado, vestindo apenas uma bermuda. Algumas horas depois ele mataria a pastora. Familiares e conhecidos da pastora nunca tinham visto ou ouvido falar dele antes do crime.
Prisão
O jovem pelado deu trabalho para os policiais no momento da prisão. Depois de matar a pastora, ele ainda caminhou cerca de 1 km sem roupa e jogou pedras em ônibus que passavam, até ser abordado pela PM próximo de um terreno baldio.
Ele chegou a cuspir nos policiais militares que deram a voz de prisão. O jovem disse que ia passar Covid-19 para eles. Ao ser algemado, chutou os agentes. Também foi necessário prender suas pernas com ataduras, pois o suspeito dava pernadas, pulos e pinotes.