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Kassab continuou recebendo “mensalão” da JBS após assumir ministério

Segundo Procuradoria, R$ 350 mil foram recebidos mensalmente pelo ex-prefeito de São Paulo mesmo quando ele já ocupava cargo de ministro

atualizado

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Ministros do governo Michel Temer – Brasília – DF 12/05/2016
1 de 1 Ministros do governo Michel Temer – Brasília – DF 12/05/2016 - Foto: null

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirma que o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), recebeu R$ 58 milhões do grupo J&F, dono da JBS. Kassab é alvo de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira (19/12). Segundo a PGR, Kassab recebeu valores ilícitos até quando já ocupava o cargo de ministro.

A delação de executivos do Grupo J&F revela “mensalão” de R$ 350 mil para Kassab no período entre 2010 e 2016. O ex-prefeito de São Paulo (2006/2013) comandou primeiro o Ministério das Cidades do governo Dilma Rousseff (PT) entre 2015 e 2016. Em 2016, com o impeachment da petista, Kassab assumiu no governo Michel Temer (MDB) o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

A suspeita sobre os repasses que são investigados tem como base relatos dos delatores do grupo J&F. Nesta quarta, a Polícia Federal fez buscas no apartamento de luxo de Kassab, nos Jardins, em São Paulo. Os agentes apreenderam R$ 301 mil em dinheiro vivo na residência do ministro, futuro secretário-chefe da Casa Civil do Governo João Doria (PSDB).

Segundo Raquel Dodge, os repasses foram feitos em duas situações distintas. Uma delas, entre 2010 e 2016, período em que Kassab teria recebido R$ 350 mil mensais, alcançando, ao todo R$ 30 milhões.

“O objetivo dos pagamentos era contar com poder de influência do ministro em eventual demanda futura de interesse do referido grupo”, diz a PGR. Os repasses teriam sido feitos por meio de contratos falsos entre a J&F e uma empresa de prestação de serviços com uma empresa do ramo de transportes.

Na segunda ocasião, em 2014, cita a PGR, foram pagos R$ 28 milhões ao diretório Nacional do PSD, na época, presidido por Kassab. O objetivo dos pagamentos era garantir o apoio do PSD ao PT na disputa presidencial de 2014.

“Neste caso, o repasse foi operacionalizado por meio de doações oficiais de campanha e outros artifícios como a quitação de notas fiscais falsas. Também há registro da entrega de dinheiro em espécie”, diz a PGR.

COM A PALAVRA, KASSAB
O ministro afirmou que confia na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa. Ele disse saber que as pessoas que estão na vida pública estão corretamente sujeitas à especial atenção do Judiciário. E reforçou que está sempre “à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários e que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público”.

COM A PALAVRA, DORIA
A propósito das medidas tomadas em relação ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Gilberto Kassab, o governador eleito de São Paulo João Doria (PSDB) disse que confia na conduta da Justiça e no amplo direito de defesa do ministro para os esclarecimentos necessários.

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