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YouTube acata Justiça e retira vídeos com ofensas a Marielle

Juíza considerou que publicações “extrapolaram o que a Constituição fixou como limite ao direito de livremente se manifestar”

atualizado

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Marielle Franco
1 de 1 Marielle Franco - Foto: Ninja

O YouTube vai retirar de sua plataforma os 16 vídeos com ofensas à vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL), assassinada no dia 14. A retirada foi determinada pela Justiça, em ação proposta pela irmã de Marielle, Anielle Franco, e pela mulher da vereadora, Mônica Benício. As duas pediram à Justiça que determinasse a retirada de 40 vídeos postados no Youtube. Até aquela data, haviam sido vistos por mais de 13 milhões de pessoas.

“Até agora foram contabilizadas 13.405.111 visualizações, a honra e a memória de Marielle Franco foram manchadas para quase treze milhões e meio de pessoas. É um registro sem precedentes. É um caso sem precedentes”, afirmaram as autoras no pedido de retirada. Os advogados também pediam que a Justiça impedisse o YouTube de aceitar novas postagens ofensivas a Marielle.

A juíza Márcia Correia Hollanda, da 47ª Vara Cível do Rio, considerou que só dezesseis vídeos eram ofensivos à vítima. Em decisão liminar (provisória) na quinta-feira (22), concedeu prazo de 72 horas para que o YouTube retire essas mensagens da plataforma. A pena é multa diária de mil reais.

“Ao analisar os vídeos indicados, verifico que alguns deles, realmente, extrapolaram o que a Constituição fixou como limite ao direito de livremente se manifestar. Tais vídeos e áudios fizeram referência direta a Marielle, apontando-a como vinculada a facções criminosas e tráfico ou imputações maliciosas sobre as suas bandeiras políticas, como o aborto, fatos que podem caracterizar violação à honra e à imagem da falecida e que certamente causam desconforto e angústia a seus familiares. Note-se que nenhum dos divulgadores apresentou prova concreta sobre o declarado”, afirmou a juíza na decisão.

Sobre o pedido para impedir novas postagens, a magistrada disse que “não vejo como impedir, sem o estabelecimento do contraditório, a divulgação de novos vídeos, mas entendo possível que o réu exerça o controle a posteriori dos conteúdos inapropriados, promovendo sua exclusão em prazo razoável, seja por indicação expressa do novo conteúdo, seja pelo exercício de seu dever de responsabilidade sobre o que permite seja divulgado através de seus serviços”.

O Google, proprietário do YouTube, afirmou nesta sexta-feira (23) que vai retirar os vídeos. Em nota, a empresa elogiou a iniciativa da juíza de analisar individualmente cada vídeo.

“A decisão examinou individualmente cada um dos vídeos indicados pelas autoras e concluiu pela ilegalidade de parte deles, determinando sua remoção. Os vídeos foram devidamente identificados por meio de URLs específicas e serão removidos no prazo designado pela decisão. O Google respeita a autoridade do Poder Judiciário, a quem compete avaliar a licitude de publicações”.

O processo continua tramitando. Familiares de Marielle e advogadas do PSOL seguem recolhendo postagens ofensivas à vereadora divulgadas pelas redes sociais. O objetivo é processar os responsáveis.

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