Vídeo inédito mostra o julgamento que condenou Elize Matsunaga
Justiça sentenciou a mulher a cumprir 19 anos, 11 meses e um dia de prisão pela morte e o esquartejamento do marido, Marcos Matsunaga
atualizado
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Um vídeo inédito mostra como foi o interrogatório em que Elize Matsunaga foi condenada a 19 anos, 11 meses e um dia de prisão pelo homicídio e esquartejamento do marido, Marcos Matsunaga, herdeiro da empresa Yoki. A filmagem do julgamento da bacharel em direito foi feita pela Justiça no fim do ano passado, durante os sete dias de júri.
Nas gravações, obtidas pelo G1, Elize chora por quatro horas enquanto responde às perguntas do juiz Adilson Paukoski Simoni, dos advogados de defesa e do júri. A mulher, porém, se recusou a ser questionada pelo Ministério Público (MP) e pelo assistente da acusação.
“Eles não querem saber a verdade”, respondeu Elize ao magistrado sobre o motivo pelo qual não queria ser interrogada pelo promotor José Carlos Cosenzo e pelo advogado Luiz Flávio D’Urso, auxiliar da Promotoria contratado pelos pais de Marcos.
Elize alegou que não teve intenção de matar Marcos e que o crime ocorreu após discutir com o marido sobre uma suposta amante dele. O caso extraconjugal seria com uma prostituta, e foi descoberto, segundo Elize, por um detetive particular que ela contratou.
A bacharel disse que só atirou depois de ter sido xingada e agredida por Marcos. “Ele começou a me xingar, ele me deu um tapa”, disse Elize. “Ele tava [sic] vindo em cima de mim. Ele não ficou parado. Eu não sei. Não sei o que ele queria fazer. Eu disparei.”
Elize acrescentou que disparou após ouvir o marido ameaçar tirar dela a guarda da filha.
“Quando ele (Marcos) falou que…, ele falou que ia me internar. Quando ele falou que eu não ia mais ver minha filha (…) Eu não aguentei.”
“Eu tava [sic] com medo dele”, relembrou Elize, que conheceu Marcos à época em que também foi garota de programa. Após o crime, ela colocou os pedaços do corpo em sacos e malas e os espalhou em Cotia, na Grande São Paulo e na capital. À época, mentiu sobre o desaparecimento do marido, afirmando que ele tinha fugido com uma amante. Elize admitiu o crime dias depois à polícia, antes de ser presa.
A bacharel narrou que começou a esquartejar Marcos pelos joelhos e, por último, decepou o pescoço. “Infelizmente, a única forma que eu encontrei foi cortá-lo. Infelizmente”, descreveu.
Julgamento
A acusação sustentava que Elize planejou matar o marido após descobrir uma suposta traição e que posteriormente quis se apropriar do dinheiro do seguro de vida do executivo da Yoki. Ela negou essa versão. Mas admitiu a autoria do crime, cometido em 2010 no apartamento onde o casal vivia com a filha, na zona norte de São Paulo. Elize alegou que agiu movida por forte emoção.
Os jurados — quatro mulheres e três homens — acataram a tese de que a mulher assassinou Marcos sem premeditar a ação, depois da briga em que ela a agrediu, como sustentava a defesa. O júri, no entanto, rejeitou a versão de que ela planejou matar o marido por dinheiro, como pregava a acusação.