Turco preso em SP nega acusação de terrorismo
Ali Sipahi é acusado pelo presidente da Turquia, Recep Erdogan, de fazer transações financeiras em um banco do grupo oposicionista Hizmet
atualizado
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O empresário turco naturalizado brasileiro Ali Sipahi (foto em destaque) contestou em depoimento na Justiça Federal em São Paulo, nesta sexta-feira (03/05/2019), a acusação de terrorismo do governo da Turquia, que pediu ao Brasil sua extradição. Sipahi afirmou que sua prisão é arbitrária, segundo seus advogados. Ele é acusado pelo presidente da Turquia, Recep Erdogan, de fazer transações financeiras em um banco do grupo Hizmet, de oposição ao líder turco, ligado ao clérigo Fethullah Gülen.
A linha apresentada pela defesa, segundo o porta-voz do Hizmet Kamil Ergin, teve como base contestar a versão do governo turco de que o Hizmet é um grupo terrorista. Segundo ele, apenas países de maioria muçulmana com relações comerciais próximas com a Turquia, como a Somália e o Marrocos, aceitaram extraditar militantes do grupo.
“É a primeira vez que um pedido desse chega ao Brasil, mas quando pedidos similares foram feitos em países democráticos como os Estados Unidos, o Canadá, a Austrália e Reino Unido, a Justiça desses países negou todos eles”, coloca a defesa.
Ainda de acordo com o porta-voz do Hizmet, o movimento está otimista que conseguirá demonstrar ao ministro Edson Fachin, relator do pedido de extradição no Supremo Tribunal Federal (STF), que o grupo não tem relação com atividades terroristas. “É um caso de perseguição política. Centenas de juízes, jornalistas e funcionários públicos ligados ao Hizmet foram presos por Erdogan na Turquia”, acrescentou.
Segundo o advogado de Sipahi, Theo Dias, pela primeira vez o empresário pode se explicar sobre a vida dele no Brasil e alegar que prisão é arbitrária.
Estratégia internacional
“O Brasil entrou na geopolítica da estratégia internacional de perseguição e retaliação do governo turco contra aqueles que se opõe ao regime”, disse. “Cerca de 250 cidadãos turcos residentes no Brasil e ligados ao Hizmet serão alvos de Erdogan (se o país abrir o precedente e extraditar Sipahi)”, completou
A Procuradoria-Geral da República enviou um representante para a audiência para acompanhá-la. O procurador, segundo a assessoria do MPF, não se manifestou e deve enviar um relatório para a PGR sobre o depoimento.
Com base nisso, a PGR deve decidir se manifesta-se ou não novamente nos autos. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu a prisão preventiva de Sepahi no início do trâmite do processo, referendada por Fachin. No próximo dia 10, o ministro do Supremo deve se pronunciar novamente sobre o caso.