Relator no STJ vota por tornar Pimentel réu na Operação Acrônimo
Governador de Minas é acusado de corrupção passiva, por ter recebido propina da Odebrecht quando era ministro do Desenvolvimento
atualizado
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Nesta quarta-feira (29/11) o ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), votou pelo recebimento da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Fernando Pimentel, o governador de Minas Gerais. Embora a Constituição do estado diga que um governador é afastado se recebida denúncia, Benjamin, que é o relator do caso, foi contra a aplicação dessa medida. A informação é do jornal O Globo.
O julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro Og Fernandes. Não há previsão de quando a Corte Especial do STJ, composta pelos 15 ministros mais antigos da corte, retomará a análise do caso.
“Não estou afastando do cargo o denunciado Fernando da Mata Pimentel, já que entendo descabido. Por se tratarem de fatos ocorridos antes de assumir o mandato de governador, não há nenhum ato do denunciado Fernando Pimentel que vise obstruir ou criar entrave à investigação criminal. Por isso não vejo necessidade de afastamento” disse o relator do caso.
De acordo com o texto, no ano passado, em novembro, o MPF denunciou Pimentel, acusando-o de ter favorecido a empreiteira Odebrecht no Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações, ligado à Câmara de Comércio Exterior (Camex). A Camex era presidida por Pimentel no período em que ele foi ministro. Para o MPF, há provas demonstrandos encontros, ligações e troca de mensagens para acerto de pagamentos.
Segundo o MPF, um dos processos no comitê de interesse da Odebrecht tratava do Projeto de Soterramento da Linha Ferroviária de Sarmiento, em Buenos Aires. A empresa queria obter US$ 1,5 bilhão por meio do Seguro de Crédito à Exportação ao financiamento, concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O outro processo de interesse da Odebrecht tratava da garantia do seguro de crédito à exportação relacionado à exexcção do corredor interurbano de transporte público de Maputo, capital de Moçambique, no valor de US$ 180 milhões.
O Globo afirma, ainda, que o relator, ministro Herman Benjamin, refutou a tese da defesa de que ações ordenadas por um juiz de primeira instância, no começo da Operação Acrônimo, tenham afetado Pimentel. Por ser governador, tais medidas só poderiam ter partido do STJ.
A denúncia foi feita pelo ex-vice-procurador-geral da República, José Bonifácio. O atual ocupante do cargo, Luciano Mariz Maia, defendeu o recebimento da denúncia. Segundo ele, alguns delatores — como Marcelo Odebrecht, dono da Odebrecht, João Nogueira, executivo do grupo e Benedito Rodrigues, empresário próximo a Pimentel — confirmaram que houve pagamentos irregulares ao governador mineiro.
“Pediu R$ 20 milhões para que desse prosseguimento aos processos. João Nogueira e Marcelo aceitaram e prometeram R$ 15 milhões. Foram pedidos R$ 20 milhões e aceitaram pagar R$ 15 milhões. Houve um ajuste para o pagamento do valor em espécie, que consistia na entrega de pacotes de dinheiro em hotéis em São Paulo mediante apresentação de uma senha”, disse o atual vice-procurador-geral da República na sessão no STJ.
A defesa de Pimentel, Eugênio Pacelli, tentou suspender o processo, citando o julgamento ainda não concluído no Supremo Tribunal Federal (STF) que restringe as regras do foro privilegiado. Dependendo do resultado, o processo deixaria de ser analisado pelo STJ. Mas o relator, ministro Herman Benjamin, ponderou que não se sabe ainda quando o julgamento no STF vai ser concluído, e que, enquanto isso, correriam os prazos de prescrição. Assim, votou para manter o processo ativo no STJ, sendo seguido pelos demais ministros. Pacelli também acusou a PF de perseguir Pimentel e atacou a Operação Acrônimo.